31 março 2006

318) Uma voz dissidente, no espaço?

O astronauta brasileiro é um anacronismo

Claudio Angelo é editor de Ciência da Folha de SP, onde foi publicado este
artigo:

A viagem de Marcos Cesar Pontes é um grande salto para um bauruense, mas um passo minúsculo para a ciência no Brasil.

Com ela provavelmente nasce e morre o programa espacial tripulado brasileiro, que começou como um delírio megalomaníaco na era FHC e acabou como uma piada no governo Lula.

Programas espaciais tripulados são coisa de gente grande. Herança da Guerra Fria, são executados por nações que têm grandes pretensões geopolíticas -EUA, Rússia e China, coincidentemente também os "top-3" do clube nuclear - ou por aquelas que têm um programa espacial bem desenvolvido em outras áreas.

É o caso da Europa, cujo forte são naves não-tripuladas, como a Huygens, que em 2005 realizou um espetacular pouso em Titã.

O Brasil, claro, não se enquadra em nenhum desses casos. O orçamento do programa espacial nacional equivale a 1/30 do custo de uma única missão euroamericana, a Cassini-Huygens.

É praticamente consenso entre os cientistas que o país ganha muito mais investindo esses recursos parcos em tecnologia de sensoriamento remoto, por exemplo, do que em mandar visitantes ao espaço para realizar pesquisas de balcão. A julgar por declarações do presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira), Sérgio Gaudenzi, anteontem a esta Folha, o governo sabe disso.

O astronauta brasileiro é um anacronismo. O acordo que permitiu seu treinamento nos EUA foi assinado em 1997, tempo de relações carnais entre o governo brasileiro e os EUA de Bill Clinton, e de criação da AEB. (Um outro acordo com os EUA, esse sim relevante, previa o uso comercial da base de Alcântara, que traria dinheiro para os minguados cofres da AEB. O PT, então oposição no Congresso, vetou o contrato. Alegava razões de "soberania".)

O contrato inicial previa que o Brasil seria o membro "júnior" do consórcio da ISS (Estação Espacial Internacional). O país entregaria aos EUA uma prateleira e outros equipamentos e teria direito a treinar um astronauta para voar num ônibus espacial.

As peças, orçadas inicialmente em US$ 120 milhões, deveriam ser o passaporte para a certificação pela Nasa de empresas brasileiras de alta tecnologia. Nunca foram entregues. O incremento tecnológico que a ISS deveria trazer ao Brasil não se concretizou. (Hoje, graças a uma manobra de Pontes, algumas peças estão sendo produzidas pelo Senai, instituição que dificilmente integraria um pólo de tecnologia de ponta.)

Com o acidente com o ônibus espacial Columbia, em 2003, corria-se o risco de micar também com o astronauta, o que seria o atestado final de incompetência do país. Nesse contexto surge a "carona paga" com os russos.

A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) criticou a decisão de torrar R$ 23 milhões com um vôo de propaganda. Afinal, que ninguém se iluda, os experimentos que o astronauta brasileiro leva a bordo da Soyuz estão bem longe de ser um avanço para a ciência nacional.

A crítica é procedente, mas tem um quê de injustiça. Compare-se esse custo, com o perdão do cinismo, aos R$ 55,9 milhões do valerioduto. Se uma única criança, inspirada por Pontes, escolher seguir carreira em ciências, terá valido a pena. Desde que ela não resolva ser astronauta no Brasil.
(Folha de SP, 31/3)

317) O maior estadista do século XX...e (até agora) do XXI também



No próximo dia 2 de abril fará um ano do falecimento do Papa João Paulo II, conhecido, antes de 1978, quando foi eleito na sucessão de João Paulo I, como Cardeal Karol Woytilla, polonês de origem, homem que conheceu boa parte das tragédias do século XX, nas quais sua Polônia natal esteve involuntariamente e invariavelmente envolvida.
A implosão do comunismo foi estruturalmente provocada pelo seu anacronismo econômico e sua decrepitude política, mas se houve alguma centelha que começou a incendiar a pradaria esta foi, sem dúvida, muito antes da "glasnost" de Mikhail Gorbachev, a mensagem do Papa sobre a liberdade fundamental do ser humano, negada pelo sistema comunista da então União Soviética (passou desta para pior, com a ajuda dele...).
Creio que devemos reconhecer, tanto para a própria época quanto post-factum, quando temos o benefício do chamado hindsight, que ele foi um dos maiores estadistas do século XX, provavelmente tão grande quanto Roosevelt ou Churchill, com a vantagem de não dispor o papa de nenhuma divisão blindada -- como perguntaria Stalin --, armado como ele sempre esteve de sua simples força moral, de seu exemplo e de sua palavra. Talvez por isso mesmo ele provavelmente foi o maior estadista do século XX (e até agora também do nosso), dentro todos aqueles que moldaram o mundo como ele existe hoje. Karol mobilizou corações e mentes, não soldados, mas sua eficácia foi talvez decisiva no grande reordenamento mundial a que assistimos nas duas últimas décadas do século XX, vinte anos que abalaram o mundo.
Salve João Paulo II, que sua memória possa nos iluminar.

PS: Artigo de opinião no New York Times deste domingo:

The Road to Canonization Is Paved With Humanity
By JAMES MARTIN
Published: April 2, 2006

SANTO subito!" shouted the crowds in St. Peter's Square at the funeral of Pope John Paul II, who died a year ago today. For a moment it seemed like the church might dispense with its arduous canonization procedures and declare John Paul a saint before the adoring throngs had even left Rome. But Pope Benedict XVI is nothing if not a lover of tradition — and Catholic tradition demands a careful investigation into whether a candidate for sainthood lived a life of "heroic virtue," not to mention hard-nosed proof of two miracles.

As with many traditions, it wasn't always so. Christians martyred under Roman persecution were honored almost immediately after their deaths, with local Christians commemorating the anniversaries of their martyrdom. Until around the 12th century, local churches and bishops made saints, not Rome. But in 1170, Pope Alexander III sent a stinging missive to King Canute of Sweden, berating a bishop for tolerating devotion to a local saint who, Alexander believed, had been killed in a drunken brawl. Thereafter no public veneration could take place without the approval of the pope, and the Vatican began to assume control of canonizations to ensure that the saints were, well, saintly.

Little wonder that in today's popular imagination, the saints are a dull lot: ascetic types who, when not on their knees in prayer, doled out gruel to the poor or founded religious orders. Hardly the sorts one would want to spend a weekend with. For some devout Catholics, the saints were perfect. And perfect means boring.

But even a cursory perusal of the lives of the saints reveals otherwise. When Thomas Aquinas, the great medieval theologian, decided to enter the Dominican order in the 13th century, his family was enraged. (They preferred the more prestigious Benedictines.) His mother ordered Thomas's brothers to waylay him on a roadside, kidnap him and toss him into the dungeon of the family castle.

While he languished in his cell, his family sent Thomas a prostitute to tempt him from his vocation. Thomas seized a burning poker from the fireplace and chased her out of the room. Finally worn out, his family relented and allowed Thomas to enter the Dominican order in 1245. The life of Thomas Aquinas was many things. Dull is not one of them.

Most of the saints and blesseds were also not, contrary to contemporary stereotypes, humorless. "I'd rather laugh with the sinners than cry with the saints," sang Billy Joel a few decades ago. Yet it is unlikely that the saints would have attracted many followers without vibrant personalities and a sense of humor like that of Pope John XXIII, who was beatified, the step before canonization, in 2000. When once asked by a journalist how many people worked in the Vatican, John replied, "About half of them."

Saints were flawed, too. For this reason, it is unfortunate that some of John Paul's admirers wrongly see posthumous admissions of the late pope's shortcomings as blots on his saintly copybook. The saints were neither perfect nor divine — they were refreshingly human. They could be disagreeable and even testy.

When Francis of Assisi stumbled upon a small house that his Franciscan brothers had fashioned for themselves, he became enraged at what he saw as their luxurious lifestyle, clambered onto the roof and began tearing the building apart. As the saying goes, the martyrs are sometimes the ones who live with the saints.

John Paul, though a prayerful man of unshakeable faith, was not perfect either. Despite his many towering achievements in the church and on the world's political stage, there were some things he left undone during his long pontificate. He was unable to stanch the flow of Catholics from the church in Western Europe; he failed to make some women (not to mention many gays and lesbians) feel welcome in the church; he appointed most of the bishops responsible for the sexual abuse crisis in this country; and he presided over a curia that sometimes failed to treat several distinguished theologians with respect. But while John Paul himself may not have seen those as failings, he was realistic enough about his own limitations to make sure that he went to confession every Saturday.

A perfect pope? Maybe not. But a saint, more than likely. John Paul should enjoy a speedy canonization process, and his "cause," as they say in Rome, will probably flow as smoothly as has that of a contemporary, the woman now known as Blessed Teresa of Calcutta.

Shortly after his election, Pope Benedict waived the normally required five-year wait before John Paul's cause could begin. Vatican officials are now sifting through his writings and awaiting medical confirmation of any reported miracles attributed to his intercession. Just last month it was announced that after her community had prayed for John Paul's help, a French nun had been healed of Parkinson's disease — the malady that afflicted the pope at the end of his life.

In a few years, then, we may find ourselves at a wedding, baptism or funeral at the Church of St. John Paul II, where his pious face will shine down on us from a stained-glass window. When we do, we should remember that, like all the saints, Pope John Paul was not just holy, but human, too.

James Martin, a Jesuit priest, is the author of "My Life with the Saints."

316) Da nobre (e pouco usual) arte de atirar no próprio pé...

Existe todo tipo de arte no mundo e, de fato, não existe "uma" atividade humana chamada arte, mas diversas artes em diferentes categorias, das mais convencionais às mais estranhas, algumas bizarras mesmo.
Todos já ouvimos falar da arte de abrir o próprio ventre com um punhal ritual, o tradicional harakiri japonês, mas esta "arte" é feita com a clara intenção de retirar sua presença do mundo, após o que se considera a suprema ignomínia cometida contra o próprio país, algum ato extremamente reprovável contra si mesmo e sua honra, contra a família, e outros motivos de alto significado moral.
Não creio que essa arte tenha algum dia a chance de prosperar entre nós, a não ser por modalidades involuntárias, tipo desempenhar certas atividades depois de uma lauta feijoada regada a sabe-se lá que aditivos e estimulantes...

Existe em contrapartida uma outra "arte" muito praticada entre nós, sobretudo em momentos de confusão moral, de clara indefinição quanto aos modos de reagir em face de determinadas adversidades surgidas como que de repente, quando a reação do momento é intempestiva e mal pensada. Claro, a melhor recomendação seria uma reflexão ponderada sobre os dados do problema e uma reação proporcionado à amplitude do dano detectado, mas nem sempre esse tipo de racionalidade, mesmo "instrumental", está à disposição de certas mentes.
Surgem, portanto, as reações inusitadas, que podem implicar, como indicado no título, um "tiro no próprio pé".
Trata-se, obviamente, de um incidente, ou de um acidente, mas podem ocorrer casos piores.

Refiro-me à ação deliberada, a decisão consciente de praticar um gesto que, com toda certeza, envolverá a amputação involuntária de alguma falange inferior.
De fato, temos observado ultimamente que determinados personagens de nossa história política têm-se especializado nessa arte que não sei se tenho o direito de chamar de nobre, pois existem atiradores profissionais que não tolerariam tal concorrência desleal e indevida com seu hobby ou atividade costumeira.

Tudo indica que os personagens em questão, confrontados a um determinado problema (ou vários), tenham dito: "Sinto muito, mas eu tenho de matar esta formiga que se aproxima perigosamente do meu pé". E aí é aquela coisa: "Bum! Ai!".
Pois é, deve doer, mas os personagens em questão devem ter chegado à conclusão que seria melhor isso do que ver a formiga subindo perigosamente no pé, daí passando perigosamente para a perna e sabe-se lá aonde mais ela poderia se enfiar...

Mais surpreendente ainda é ver que, em algumas ocasiões, os personagens em questão não se contentam em acertar no próprio pé, e se dedicam à arte ainda mais difícil (e dolorosa) de acertar na rótula...
Não sei se é por inconsciência, má pontaria ou por incompetência mesmo, mas que deve ser chato, isso deve ser...

Se o indivíduo em questão o fez por absoluta necessidade moral, algum sacrifício eventual por alguma causa superior, a gente ainda poderia dar um certo desconto e dizer, "pois é, de vez em quando esses sacrifícios são necessários..."
Mas, se ele o fez por absoluta má-fé, por desejo consciente de enganar todo mundo, só podemos dizer, como os franceses, "tant pis... débrouillez-vous...".

30 março 2006

315) Ufa, pessoal! Estamos salvos, por mais algum tempo...

In a unanimous vote, the Federal Election Commission decided that political websites, such as internet blogs, can remain broadly unregulated in what they publish (except for paid political advertising).

Mas isso é nos EUA, onde todos temos os nossos blogs...
Já em outros países...

314) Um artigo de Jimmy Carter sobre a proliferação nuclear

Neste artigo, o ex-presidente Jimmy Carter expõe seus argumentos sobre a questão da proliferação nuclear em geral e sobre o acordo de cooperação nuclear EUA-Índia em particular, condenando a postura da atual administração americana a este respeito.
Ele só comete dois pequenos erros, um factual -- a data de assinatura do TNP (1968 e não 1970)-- e outro político: acreditar que o Brasil possa ser levado a desenvolver armas nucleares, uma vez que estaria tecnicamente habilitado a isso e poderia ser levado a fazê-lo em vista dos desenvolvimentos recentes, perigosos, observados a esse respeito.
No mais, seus argumentos são todos ponderáveis e merecem reflexão.

A Dangerous Deal With India
Jimmy Carter
The Washington Post, 29 March 2006

During the past five years the United States has abandoned many of the nuclear arms control agreements negotiated since the administration of Dwight Eisenhower. This change in policies has sent uncertain signals to other countries, including North Korea and Iran, and may encourage technologically capable nations to choose the nuclear option. The proposed nuclear deal with India is just one more step in opening a Pandora's box of nuclear proliferation.
The only substantive commitment among nuclear-weapon states and others is the 1970 Non-Proliferation Treaty (NPT), accepted by the five original nuclear powers and 182 other nations. Its key objective is "to prevent the spread of nuclear weapons and weapons technology... and to further the goal of achieving nuclear disarmament." At the five-year U.N. review conference in 2005, only Israel, North Korea, India and Pakistan were not participating -- three with proven arsenals.
Our government has abandoned the Anti-Ballistic Missile Treaty and spent more than $80 billion on a doubtful effort to intercept and destroy incoming intercontinental missiles, with annual costs of about $9 billion. We have also forgone compliance with the previously binding limitation on testing nuclear weapons and developing new ones, with announced plans for earth-penetrating "bunker busters," some secret new "small" bombs, and a move toward deployment of destructive weapons in space. Another long-standing policy has been publicly reversed by our threatening first use of nuclear weapons against non-nuclear states. These decisions have aroused negative responses from NPT signatories, including China, Russia and even our nuclear allies, whose competitive alternative is to upgrade their own capabilities without regard to arms control agreements.
Last year former defense secretary Robert McNamara summed up his concerns in Foreign Policy magazine: "I would characterize current U.S. nuclear weapons policy as immoral, illegal, militarily unnecessary, and dreadfully dangerous."
It must be remembered that there are no detectable efforts being made to seek confirmed reductions of almost 30,000 nuclear weapons worldwide, of which the United States possesses about 12,000, Russia 16,000, China 400, France 350, Israel 200, Britain 185, India and Pakistan 40 each -- and North Korea has sufficient enriched nuclear fuel for a half-dozen. A global holocaust is just as possible now, through mistakes or misjudgments, as it was during the depths of the Cold War.
Knowing for more than three decades of Indian leaders' nuclear ambitions, I and all other presidents included them in a consistent policy: no sales of civilian nuclear technology or uncontrolled fuel to any country that refused to sign the NPT.
There was some fanfare in announcing that India plans to import eight nuclear reactors by 2012, and that U.S. companies might win two of those reactor contracts, but this is a minuscule benefit compared with the potential costs. India may be a special case, but reasonable restraints are necessary. The five original nuclear powers have all stopped producing fissile material for weapons, and India should make the same pledge to cap its stockpile of nuclear bomb ingredients. Instead, the proposal for India would allow enough fissile material for as many as 50 weapons a year, far exceeding what is believed to be its current capacity.
So far India has only rudimentary technology for uranium enrichment or plutonium reprocessing, and Congress should preclude the sale of such technology to India. Former senator Sam Nunn said that the current agreement "certainly does not curb in any way the proliferation of weapons-grade nuclear material." India should also join other nuclear powers in signing the Comprehensive Nuclear Test Ban Treaty.
There is no doubt that condoning avoidance of the NPT encourages the spread of nuclear weaponry. Japan, Brazil, Indonesia, South Africa, Argentina and many other technologically advanced nations have chosen to abide by the NPT to gain access to foreign nuclear technology. Why should they adhere to self-restraint if India rejects the same terms? At the same time, Israel's uncontrolled and unmonitored weapons status entices neighboring leaders in Iran, Syria, Turkey, Saudi Arabia, Egypt and other states to seek such armaments, for status or potential use. The world has observed that among the "axis of evil," nonnuclear Iraq was invaded and a perhaps more threatening North Korea has not been attacked.
The global threat of proliferation is real, and the destructive capability of irresponsible nations -- and perhaps even some terrorist groups -- will be enhanced by a lack of leadership among nuclear powers that are not willing to restrain themselves or certain chosen partners. Like it or not, the United States is at the forefront in making these crucial strategic decisions. A world armed with nuclear weapons could be a terrible legacy of the wrong choices.

29 março 2006

313) Você acha que eles são americanos, estado-unidenses ou simplesmente "gringos"?

Meu colega historiador e particular amigo Luis Cláudio Villafañe Gomes Santos, que nunca está parado, acaba de "cometer" (no sentido espanhol do termo) um delicioso artigo sobre a etimologia do gringo, ou melhor, sobre como devem ser chamados esses red-necks da América do Norte, tão invejados quanto criticados por gregos e goianos.
Veja você mesmo sua mensagem, a mim dirigida, e mais abaixo o começo do artigo:

Paulo meu caro,
Saiu um artiguinho meu na revista eletrônica do Centro de Américas da Universidade de Vanderbilt. O título é "American, United Statian, USAmerican, or Gringo?". Acho que ficou bem simpático, ainda que (ou talvez por causa disso) bem "levinho" em termo acadêmicos.
Se vc tiver tempo, dê uma olhada:
http://ejournals.library.vanderbilt.edu/ameriquests/viewarticle.php?id=21&layout=abstract
Abração,
Luís Cláudio

AMERICAN, UNITED STATIAN, USAMERICAN, OR GRINGO?
Luís Cláudio Villafañe G. Santos
AmeriQuests > Vol. 2, No. 1 (2005)

A little cultural war passed almost unnoticed in cyberspace at the end of March 2002. The first salvo of that war was fired by Thomas Holloway in an e-mail posted at the H-LatAm[1] discussion list on March 26th. He asked for an alternative to the word “American” when referring to people from, or citizens of, the United States of America.[2] The fact that the citizens of the United States call themselves “Americans” causes discomfort for many Latin Americans, who see the appropriation by the United States citizens of the collective identity of all peoples and countries of the continent as a clear act of cultural imperialism. In fact, the thirty-four other countries of the hemisphere can claim to be as "American" as the United States.

Leia o resto neste link.

312) Novos títulos no mercado de livros...

Já tivemos um Elogio à loucura, de Erasmo, já tivemos um Droit à la paresse, do genro de Karl Marx, Paul Lafargue, já tivemos também In praise of idleness, do agnóstico militante Bertrand Russell...

Pois eu andei pensando em outros títulos, mais adaptados à nossa época:

Elogio da Hipocrisia

Homenagem à mentira

Louvando a desfaçatez

O direito de ficar calado (with a little help from our friends of the Supreme Court...)

Cultivando ativamente a apatia ao trabalho

A arte de ficar alheio a tudo

Como ser um cara-de-pau em dez lições


Existem outros títulos disponíveis, mas acho que vou reservar para eventual copyright de obra destinada a ensinar como influenciar pessoas e aumentar o seu capital sem fazer esforço...

28 março 2006

311) Virtudes pouco mundanas... (uma reflexão para os que compreendem a natureza humana)

Transcrevo abaixo artigo publicado na Folha de São Paulo desta terça-feira, 28 de março de 2006, pelo embaixador José Alfredo Graça Lima, atual Consul-Geral do Brasil em Nova York:

Virtudes casadas
JOSÉ ALFREDO GRAÇA LIMA
Folha de São Paulo, 28 de março de 2006

Há quem confunda humildade com subserviência, temeridade com coragem. Engano. Ser humilde é ter respeito pelo próximo, seja qual for seu status, sua cor, sua procedência. Ser humilde é também reconhecer que, por mais inteligentes, por mais educados, por mais ricos ou por mais poderosos que possamos ser, estamos ainda muito distantes da perfeição e sempre podemos aprender com nossos semelhantes, por mais desprovidos que sejam. Riqueza e poder, de resto, pela capacidade que têm de corromper, freqüentemente se convertem de ativo em passivo, causam dependência e apequenam a alma.
Ser humilde é, além disso, prestar serviço sem exigir reciprocidade, de maneira discreta, contida, como uma obrigação auto-imposta, mas cumprida com prazer. É, finalmente, celebrar a vitória do seu time pelos méritos dos atletas vencedores, sem tripudiar sobre os adversários e, muito menos, ferir-lhes os brios. (O futebol, parte fundamental da vida, não pode ser metáfora para a própria vida, que mais se assemelha, como entendia Shakespeare, a uma peça de teatro cuja direção obedece a princípios e regras básicos, mas que está permanentemente sujeita à improvisação derivada do exercício do livre-arbítrio).
Não se deve ser, porém, humilde de forma absoluta. Em primeiro lugar, porque inexiste, na natureza humana, o que se poderia chamar de qualidade total, se não em prejuízo do exercício de outras virtudes que se exigem para viver em harmonia dentro da sociedade. A própria justiça, como já sacavam os antigos romanos, é passível de distorção, caso ministrada sem considerar atenuantes ou sem comportar um elemento de compaixão. A humildade, da mesma forma, há que ser temperada ou moderada pela coragem, que é o sereno desprendimento na defesa dos direitos contra a irracionalidade da violência.

É coragem, e não astúcia ou sagacidade, que se requer dos que detêm posição de liderança. Coragem para ser ético

O emprego da força ou da intimidação moral não se combate, no plano pessoal, com os mesmos métodos, sob pena de agravar o mal ou de comprazer-se com a vingança. Em casos extremos, a autoridade repressora se encarregará de proteger os inocentes; também em circunstâncias excepcionais, justificar-se-á a legítima defesa. Mas, no dia-a-dia, no convívio civilizado entre pessoas que ganham a vida honestamente, o que Jesus e Gandhi pregaram e praticaram foi a resistência passiva, a não-violência, o repúdio ao revide e ao talião. Homens livres, independentes, sem nada a temer porque sem nada a dever, Jesus e Gandhi foram corajosos a ponto não só de padecer pela falta de compreensão como também de perdoar os seus algozes.
Pois a coragem está justamente em superar os próprios preconceitos e as próprias tentações, e, além de justo, ser magnânimo. Nada se perde com a remissão das ofensas; ao contrário, o perdão é ganhador, especialmente em resposta ao arrependimento. Até mesmo no comércio internacional, em que prevalece o princípio básico do equilíbrio entre direitos e obrigações, suspender concessões para compensar a violação de compromissos equivale a atirar no próprio pé, sem obter satisfação para o(s) setor(es) afetado(s). Na hipótese de uma medida violatória ter que continuar em vigor, deveria caber compensação de valor equivalente, negociada de boa-fé entre as partes interessadas.
É coragem, e não astúcia ou sagacidade, que se requer dos que detêm posição de chefia ou de liderança. Coragem pessoal para ouvir, orientar, reconhecer o erro, ser paciente, aceitar as responsabilidades e repartir os benefícios. E coragem política para arcar com as conseqüências de ser democrata, multilateral e, acima de tudo, ético.
Decisões corajosas, que visam transformar o presente para garantir o futuro, raramente são apoiadas por setores ou corporações, cujos interesses são muitas vezes imediatistas e até avessos a reformas que impliquem redução de custos e mudanças na repartição dos frutos do crescimento econômico, visando a torná-la mais eqüitativa. Mas, se são esses os objetivos permanentes de todo Estado que se respeita e que pretende ser respeitado pela comunidade das nações, é preciso estar à altura do desafio, por mais perverso que possa ser, mais adiante, o julgamento popular. Não há decisões sem riscos; é, ao mesmo tempo, saudável e gratificante proceder de forma despojada, sem expectativas de ganhos materiais ou políticos.
Virtudes não teologais -como são a fé e a esperança-, a humildade e a coragem, faces de uma só medalha, constituem, a exemplo da caridade, expressões de consideração para com o próximo, ditadas pela consciência e destituídas de segundas intenções. Tratar a si próprio com o rigor da razão e a todos com o coração humilde é a melhor receita para fortalecer o organismo e alcançar a paz de espírito.

José Alfredo Graça Lima, 60, diplomata, é cônsul-geral do Brasil em Nova York (EUA). Foi subsecretário-geral de Integração Econômica e Comercial do Ministério das Relações Exteriores (1998-2002) e chefe da Missão Permanente do Brasil junto à União Européia (2002-2005).

310) Imprecisão terminológica...

Da Agência Estado, 28 de março de 2006 - 19:45

"Líder petista defende desempenho da Caixa
'O erro não anula o que as pessoas fizeram de bom', disse a senadora Ideli Salvatti."

Como erro? Violação de conta virou erro?
Seria preciso fazer um Glossário de termos da "novilíngua" ou então um Novíssimo Dicionário de Imprecisões Terminológicas Em Vigor no Cerrado Central...

PS.: mais duas imprecisões termonológicas:

"Diário Oficial traz exoneração "a pedido" de Palocci e Mattoso
Publicidade
da Folha Online, 28/03/2006 - 11h12

A exoneração de Antonio Palocci foi publicada na Seção 2 da edição de hoje do "Diário Oficial" da União. De acordo com o despacho publicado, Palocci foi exonerado "a pedido".
Na linguagem dos diários oficiais, o termo "a pedido" significa que os exonerados pediram para deixar seus cargos --ou seja, não foram demitidos.
Palocci pediu afastamento do cargo ontem depois do agravamento da crise deflagrada pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. O caseiro contradisse Palocci na CPI dos Bingos ao afirmar que ele era freqüentador da casa alugada em Brasília pelos ex-assessores de Ribeirão Preto para fechamento de negociatas e festas com prostitutas. Palocci negou à CPI ter ido à casa.
A edição de hoje do "Diário Oficial" da União também traz a exoneração "a pedido" de Jorge Mattoso, que ocupava a presidência da Caixa Econômica Federal. Mattoso colocou seu cargo à disposição após depor na Polícia Federal. Em seu depoimento, ele admitiu ter ordenado a impressão do extrato do caseiro e ter entregue esse documento "em mãos" para Palocci."

Eu vou pedir para ser "exonerado" do Imposto de Renda, mas não sei se o Imposto de Renda vai achar que eu estou cometendo uma "imprecisão terminológica"...

309) A frase do dia

"Ficou provado que o lado mais fraco não é o de um simples caseiro. É o da mentira".
Dixit: caseiro Francenildo.

308) Perguntar não ofende...

O meretíssimo senhor juiz Eros Grau (valha o nome) suspendeu a acareação do discretíssimo presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, com seu denunciante, o demitidíssimo (do PT, em 1995) Paulo de Tarso Venceslau, porque o pedido da CPI dos Bingos (valha o apelido) não estava "bem fundamentado"...

Pois bem: que tal se o mesmo meretíssimo (valha a imaginação) suspendesse a demissão do ministríssimo Palocci porque o pedido não estava "bem fundamentado"...
Afinal de contas, ele só pediu "afastamento", sendo injusta, além de legalmente inapropiada, a demissão...
Se o doutor Eros pedir, eu preparo um arrazoado bem fundamentado a esse respeito...

307) Crime, no Brasil, não é bem crime...

Do blog do Noblat, nesta segunda borrascosa de Brasília, 27 de março de 2006:

"27/03/2006 ¦ 18:53
O crime, segundo Mattoso
Tudo se passou na noite da quinta-feira, dia 16, segundo contou Jorge Mattoso, ainda presidente da Caixa Econômica Federal, em seu depoimento, esta tarde, à Polícia Federal.
Ele estava jantando em um restaurante de Brasília, quando soube por meio de Ricardo Schumann, seu assessor, que a conta-poupança do caseiro Francenildo registrara "movimentações atípicas".
Mattoso deu ordem para que se tirasse um extrato da conta. E, de posse dele, foi ao encontro de Palocci, na casa oficial do ministro da Fazenda, no Lago Sul.
Uma fonte da Polícia Federal disse há pouco a Gustavo Noblat, repórter do blog, que o ato praticado por Mattoso não configura crime. Que o ato de Palocci ver o extrato também não configura crime.
O crime se configurou quando os dados da conta do caseiro foram repassados para a revista Época.
A conferir se a fonte tem razão."

PRA: Curiosa noção de crime: O presidente de um banco pode xeretar quanto quiser a conta de um cidadão seu cliente, copiar extratos e levar para casa para, digamos "estudar", comentar com sua mulher, o vizinho...
Ele só não pode passar para uma revista...
Vale uma consulta ao STF?
Algum meretíssimo vai dizer que, de fato, não foi crime: o banqueiro tem por função controlar "movimentos atípicos", digamos assim...
Agora imaginem se, em lugar de dar a um jornalista, o banqueiro distraído deixa cair o extrato em alguma calçada qualquer. Algum meretíssimo vai dizer que foi mero acidente?
O Brasil sempre me surpreenderá...

306) Uma carta comentada (por isso ela vale mais...)

Transcrevo a matéria do jornal e, no meio, insiro meus comentários: entre colchetes e em itálico:

Íntegra da carta enviada pelo ex-ministro Palocci ao presidente Lula
(Agência Estado, 27 março 2006, 21h00)

Brasília - O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci entregou, na tarde desta segunda-feira, uma carta ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, solicitando seu afastamento do cargo. [Trata-se de uma nova figura jurídica ou de estilo? Afastamento quer dizer o que?: o ministro vai dar um passeio na esquina e depois ele volta? Por que ele não se demitiu, tão simplesmente?] O teor do texto somente foi aberto à imprensa horas depois, quando o pedido já havia sido aceito por Lula. [Segundo outras informações, o ministro só redigiu a carta pedindo "afastamento" depois que o presidente já tinha decidido demiti-lo, ou "afastá-lo", segundo a "imprecisão terminológica do ministro.]

Em princípio, a assessoria do ministério soltou uma nota confirmando a entrega da carta, sem, contudo, revelar sua íntegra. O ministério apenas sugeriu que a imprensa se ativesse ao termo "afastamento", redigido na nota. Pouco depois, foi confirmada a saída de Palocci e sua substituição por Guido Mantega, então presidente do BNDES e ex-ministro do Planejamento. [Vocês, por favor, não estranhem, se eu solicitar meu "afastamento" temporário deste blog: fui à esquina e já volto...]

Leia a íntegra da carta:

"Brasília, 27 de março de 2006
A Sua Excelência o Senhor
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil
[Nada a comentar]

Senhor Presidente e amigo,
Peço a Vossa Excelência meu afastamento, nesta data, do cargo de Ministro de Estado da Fazenda. [O presidente redigiu um decreto de "afastamento"?]

Desde 1º de janeiro de 2003, trabalhei incansavelmente para corresponder à confiança com que Vossa Excelência me honrou ao escolher-me para servir ao seu lado como executor da política econômica de seu governo. Dei o melhor de mim, sem medir esforços. [Nisso, sem dúvida, justiça seja feita ao ministro.]

Estou convencido, porém, de que minha permanência no Ministério da Fazenda, neste momento de exacerbado conflito político, e quando sou alvo de todo tipo de maldades e acusações, não mais contribui para o avanço da obra do governo de Vossa Excelência, nem serve ao melhor interesse do Brasil. [Acusações, sim, maldades, parece exagero. O ministro foi sempre muito bem tratado pelo oposição, até mais do que deveria, tendo faltado com a verdade, como ele sabe que faltou, por diversas vezes, ainda que inconscientemente traído por suas "imprecisões terminológicas".]

Desde agosto do ano passado, iniciou-se um movimento sistemático para lançar dúvidas e suspeitas sobre o meu trabalho e a minha pessoa. Durante todo o final de 2005, procurei, por meio da imprensa e de três visitas sucessivas ao Congresso Nacional, esclarecer toda sorte de questões lançadas a meu respeito. No início deste ano, compareci perante comissão parlamentar de inquérito do Senado Federal, antes mesmo de ser convocado, para prestar esclarecimento amplo e direto sobre todas essas questões. [Desde agosto do ano passado, avolumam-se os indícios de que alguém estava faltando com a verdade, numa série de episódios rocambolescos que em nada devem às supostas maldades da oposição, mas que são inteiramente produzidos por acusações de alguns membros da tribo que ruidosamente ocupou o cerrado central, vinda de plagas mais discretas no interior paulista.]

Julguei haver refutado, naquele momento, em termos objetivos, a inconsistência das acusações e ter restabelecido as condições de trabalho deste Ministério. Entretanto, Senhor Presidente, a luta política se exacerbou nas últimas semanas e questões já superadas foram trazidas novamente à pauta. Tenho lidado com esta situação procurando sempre preservar a economia dos efeitos da luta política, assim como todo o trabalho do nosso Ministério. Entretanto, tornou-se cada vez mais difícil manter esta conduta, pois, em momentos de tal turbulência, os argumentos, as explicações e as ponderações perdem valor diante de acusações descabidas e conclusões apressadas. [O ministro foi refutado não pela exacerbação das lutas políticas, mas pelo sereno depoimento de um "simples caseiro", que disse com todas as letras, e sustentaria o que disse "até morrer", apenas isto: "O ministro mentiu!"]

Mais recentemente, episódio na Caixa Econômica Federal trouxe novamente a este Ministério pressões que tornaram impossível a continuidade regular do meu trabalho. Quero esclarecer, Senhor Presidente, que não tive nenhuma participação, nem de mando, nem operacional, no que se refere à quebra do sigilo bancário de quem quer que seja. Reafirmo ainda que não divulguei nem autorizei nenhuma divulgação sobre informações sigilosas da Caixa Econômica Federal. Sou consciente das leis e da responsabilidade do meu cargo. Sou consciente das regras da democracia e do Estado de Direito. [O "episódio" da Caixa não foi inventado, criado ou produzido pela oposição "maldosa", mas foi feito a 100% nas próprias fileiras da situação, um escandalo "made at home", na continuidade de outros episódios parecidos. Desta vez, os companheiros não se contentaram em atirar no próprio pé: eles tiveram a inacreditável pontaria de acertar na própria rótula: assim, ninguém aguenta ficar de pé...]

Foi com esta postura que realizamos um trabalho forte de estabilização da economia brasileira. Durante estes três anos e três meses, não houve lugar para malfeitos de qualquer ordem. Digo isto em meu nome e, tenho certeza, no nome de todos os secretários que comigo conduziram este trabalho. Tenho orgulho de haver colaborado para a implementação da exitosa política econômica de Vossa Excelência, que tanto contribuiu para a estabilidade de nossa economia, com claros benefícios para as parcelas mais pobres de nosso povo. [Os "malfeitos" de nenhumam forma se referem à condução da política econômica, que de certa forma foi correta, ainda que sem imaginação; mas a estabilidade foi preservada, e por isso devemos render homenagem ao ministro. Os "malfeitos" têm diversas facetas, entre elas o transporte de dólares, mas eles podem ser resumidos num único gesto: "O ministro mentiu!"]

O controle definitivo da inflação, os números recorde de geração de emprego, a evolução do crédito, a boa administração da dívida pública e, particularmente, o espetacular desempenho das contas externas do País são conquistas do Brasil para as quais muitos governos colaboraram e seu governo consolidou. Estou extremamente feliz por haver contribuído para alcançar esses resultados. O Brasil está mais forte, mais preparado e maduro, para, sob a liderança de Vossa Excelência, seguir adiante trilhando esta política, no caminho do desenvolvimento econômico e social. [O ministro merece, por tudo isso, o prêmio "operário do ano", ou "executivo", como ele preferir, ainda que ele talvez não disponha de condições para voltar ao convívio normal com a sociedade organizada, pelo futuro imediato...]

Tomo a decisão de pedir o meu afastamento com tranqüilidade. A consistência do trabalho feito e a solidez da economia brasileira me dão a certeza de que a estabilidade do país e de suas instituições não depende da pessoa do Ministro da Fazenda e sim das políticas definidas por Vossa Excelência. Sempre servi ao governo de Vossa Excelência sem personalismos nem ambições pessoais. Minha dedicação e minha energia sempre estiveram voltadas para o progresso do Brasil e de seu povo. Esta é a mesma convicção da honrada equipe do Ministério da Fazenda e, tenho certeza, do próximo ministro que Vossa Excelência escolherá. [Acho que o ministro cometeu aqui, no caso do seu pedido de "afastamento", mais uma "imprecisão terminológica". Talvez seja a última, a não ser que CPIs e delegados de polícia lhe concedam mais algumas vezes esse direito...]

Respeitosamente, e com toda a gratidão.
Antonio Palocci Filho
Ministro de Estado da Fazenda"

[Uma carta solicitando "afastamento" tem direito ao Diário Oficial? Com a palavra algum togado meretíssimo...]

305) Fazendo justiça com as próprias mãos (por vezes, os pés também...)

O Brasil é, seguramente, um dos poucos países no mundo no qual os juizes não se contentam, modestamente, em interpretar as leis, apenas. Eles se esforçam também por criá-las, inventar regras, determinar condutas, ditar o que os outros podem ou não podem fazer. Se deixarmos, eles mesmos é que vão, por exemplo, formular as perguntas que as CPIs devem fazer aos inquiridos...
Não acreditam? Vejam a matéria abaixo:


Agência Estado, 27 Março 2006, 20h00

Supremo proíbe acareação entre Okamoto e Venceslau na CPI
Presidente do Sebrae é acusado pelo economista de ter comandado um esquema de caixa 2 nas prefeituras do PT


Mariângela Galucci

BRASÍLIA - Em mais uma decisão do Supremo Tribunal Federal que atrapalha as investigações em curso no Congresso sobre as denúncias de corrupção no governo Lula, o presidente Sebrae, Paulo Okamotto, conseguiu se livrar do compromisso de comparecer nesta terça-feira à CPI dos Bingos. O ministro Eros Grau, do STF, concedeu na noite desta segunda-feira à noite uma liminar para que Okamotto não seja obrigado a prestar o depoimento marcado para às 11 horas de terça-feira.

Em seu despacho, o ministro disse que a CPI aprovou um requerimento para realização de acareação entre Okamotto e o economista Paulo de Tarso Venceslau, que acusa o presidente do Sebrae de ter comandado um esquema de caixa 2 nas prefeituras do PT. Segundo Eros Grau, porém, o ato da CPI que convocou Okamotto previa apenas um depoimento. "No caso, há flagrante desvio de finalidade e, por isso mesmo, afronta à legalidade", afirmou o ministro. "Os poderes de investigação atribuídos às CPIs devem ser exercidos nos termos da legalidade."

"A observância da legalidade é fundamental não apenas à garantia das liberdades individuais, mas à própria integridade das funções (...) das CPIs. Essas não detêm simples poder de investigar; antes, estão vinculadas pelo dever de fazê-lo, e de fazê-lo dentro dos parâmetros de legalidade", afirmou Eros Grau. O ministro ressaltou, no entanto, que, em caso de nova notificação para acareação, deverá ser garantido a Okamotto o direito ao devido processo e ao contraditório.

Essa não é a primeira vez que o presidente do Sebrae tem uma vitória no STF. No início do ano, Okamotto conseguiu suspender no Supremo a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico decretada pela CPI dos Bingos."

27 março 2006

304) Faz todo sentido...

Da seção "Frases" do jornal Folha de São Paulo, desta segunda-feira, 27 de março:

VALE-DROGA "O que muita gente não consegue ver é que isso aqui [o tráfico de drogas] é uma empresa como outra qualquer, que busca lucro. (...) Quem está aqui quer as mesmas coisas que as pessoas que trabalham nas grandes empresas, por isso sabemos como tratar nossos clientes".

Eu também acho. Que tal se essa grande empresa que emprega em toda honestidade um sem número de informais, alguns inclusive num programa exclusivo de "Primeiro Emprego, se decidisse por uma bela campanha promocional, com direito a inserções publicitárias nos grandes jornais e nos intervalos do horário nobre?
Eu já ouvi falar de um célebre marquetólogo-comunicólogo-propandístico personagem, muito afeto a animais de plumas, que faz todo tipo de trabalho, inclusive nesse formato de "grande empresa que não quer aparecer"...

303) Os novos "internacionalistas"...

Folhateen, FSP, 27 março 2006, p. 6-8 (www.folhateen.com.br), mas liberado apenas para assinantes do UOL ou da Folha.

TRABALHO
A faculdade de relações internacionais é uma das mais disputadas nos vestibulares do Brasil; opção divide especialistas e confunde estudantes

Os internacionalistas
LEANDRO FORTINO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos anos 80, havia apenas dois. Em dezembro de 2005, já eram 84, sendo 17 deles somente em São Paulo. Sétimo curso mais concorrido da Fuvest, na frente de carreiras clássicas, como direito e administração, o bacharelado em relações internacionais (RI) teve a terceira nota de corte mais alta do último vestibular da Universidade de São Paulo: 68 pontos. E a primeira turma entrou nessa nova faculdade da USP somente em 2002.
Portanto, tanto pela oferta de vagas como pelo alto nível da concorrência, não há como negar que a carreira é a bola da vez entre os estudantes que enxergaram na globalização e na abertura da economia brasileira uma maneira de abraçar o mundo.
Mas, afinal, a carreira de "internacionalista" (como começa a ser chamado, provisoriamente, o profissional de RI) é o melhor caminho para alcançar posição em empresas, em agências e em organizações governamentais, no serviço diplomático ou no próprio sistema universitário?
Ou é um daqueles cursos que atraem estudantes indecisos que se aproveitam da característica interdisciplinar do bacharelado em RI para ganhar tempo enquanto tentam encontrar a vocação profissional?
"Não diria que atrai indecisos, mas seguramente atrai jovens com curiosidade de entender o mundo que os cerca e com disposição de explorar caminhos de profissionalização não tradicionais", explica a coordenadora do bacharelado em relações internacionais da USP e vice-diretora do Instituto de Relações Internacionais, Maria Hermínia Tavares de Almeida.
"O bacharelado em RI proporciona uma sólida formação básica no estudo de problemas internacionais de forma a permitir que o aluno possa atuar em qualquer organização com atuação internacional", explica Maria Hermínia.
"Meu grande sonho é trabalhar na ONU, na AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). O único problema é que eu não sei como chegar lá. Acho que o Itamaraty seria um caminho", conta o estudante do segundo ano do ensino médio Ricardo Tenório, 16, que pretende prestar RI.
Mas seria essa a melhor forma para o desejo de Ricardo se realizar? "Não acho que seja importante fazer RI se você quiser fazer o Instituto Rio Branco [responsável pela seleção e pela formação de diplomatas]. Quem quer o Itamaraty pode ser formado em qualquer graduação. Não é verdade que quem faz RI esteja mais bem preparado", diz Demétrio Magnoli, doutor em geografia humana pela USP e colunista da Folha.
"Mas também não é verdade dizer que o pessoal de direito esteja. Todos os cursos ajudam em alguma coisa no concurso do Itamaraty. Depende mais do perfil de cada indivíduo. Ninguém deveria escolher a faculdade em razão disso", afirma Magnoli.
O diplomata de carreira e doutor em ciências sociais Paulo Roberto de Almeida é um dos maiores críticos ao curso de RI. "Não tenho certeza de que esse seja o melhor caminho para quem aspira a ser alguma coisa na vida, pois se trata de uma área relativamente nova e não suficientemente "testada" nos mercados de trabalho."
Para Almeida, o recrutamento para o Rio Branco é altamente seletivo e a formação deveria ser focada nas humanidades em geral, com um domínio igualmente satisfatório de ciências sociais aplicadas, como economia e direito. Mas, segundo ele, não é seguro que um curso de RI consiga dar todas as competências requeridas, apesar de ele ser provavelmente o que mais estaria dentro do "campo" da diplomacia profissional.
"Acontece, porém -e isso precisa ficar muito claro aos aspirantes à carreira diplomática-, que, sendo esse recrutamento caracterizado pela "hecatombe" de 90% dos candidatos, os "não-entrantes" precisam "sobreviver" nas profissões normais, e aqui o nicho das relações internacionais ainda é relativamente difícil", explica o diplomata.
Há quem pretenda prestar RI mas queira distância do Itamaraty. Rafael Tarasantchi, 16, que está no terceiro ano do ensino médio, é um deles. Porém ele faz parte do clube que escolheu prestar RI por indecisão.
"Espero que o curso me prepare bem para qualquer coisa que eu queira. Sei que muita gente diz que é um curso em que ao mesmo tempo você sabe de tudo e de nada. Mas depende dos seus interesses. É mais para quem gosta de humanas", diz Rafael.
"A escolha de uma profissão e de uma faculdade é muito difícil, e o melhor guia para as pessoas é fazer aquilo de que gostam, porque, se gostarem, vão fazer bem, ter emprego e ser bem remuneradas", garante o embaixador Sérgio Amaral, diretor do Instituto de Estudos Internacionais da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado).
Para ele, o pretendente a uma vaga em RI "tem de ter uma curiosidade grande pelo mundo, pela diversidade e pelos outros países e precisa de uma capacitação um pouco especial, que é o conhecimento de línguas, o que no Brasil não era um requisito tão importante e hoje é cada vez mais".
Gabriel Leicand, 18, faz cursinho com o objetivo de entrar em RI. Ele sempre adorou geografia, política, economia e história atual. "Sempre pensei em prestar ciências sociais ou história, mas eu me interesso muito mais pela atualidade. Quando descobri que RI tinha tudo de economia, de direito e de história atual, decidi prestar."
Elisa Klüger, 18, é aluna do primeiro ano de RI na USP. "Acho que muita gente está aqui e não sabe o que vai encontrar no futuro, que vem porque tem um pouquinho de tudo, porque é de humanas e porque tem mercado. Sinceramente, eu não concordo que há mercado. O mercado não está preparado para os formados em RI, pois eles concorrem com profissionais de outras áreas, como economia", defende Elisa.

TRABALHO

Conheça o que levou os estudantes ouvidos pelo Folhateen a tentar relações internacionais

Nobel da Paz inspira opção por RI
DA REPORTAGEM LOCAL
"Queria o cargo de Mohamed el Baradei", conta o estudante do segundo ano do ensino médio Ricardo Tenório, 16. Ele sonha um dia ocupar o cargo de diretor-geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), braço das Nações Unidas para questões de não-proliferação nuclear, ocupado hoje pelo vencedor do Prêmio Nobel da Paz no ano passado. Para isso, Ricardo pretende prestar relações internacionais.
Ele tomou a decisão depois de participar de um modelo de simulação da ONU organizado pela Faap (Fundação Armando Álvares Penteado). Nessa disputa verbal, cada escola inscrita recebe um ou dois países para defender, e cada aluno defenderá um desses países em um dos comitês.
"No primeiro Fórum Faap eu fui a Coréia do Norte, no comitê de desarmamento e segurança internacional", conta Ricardo.
"É uma experiência muito legal, organizada pelo pessoal de RI da Faap. Eu adorei. Queria fazer jornalismo. Depois, decidi por direito. Aí fui a esse modelo e descobri que era isso. No ano passado, assisti a aulas de diplomacia e de política no curso de RI da PUC-SP. Adorei. Quero fazer tratados internacionais, e RI parece bastante útil para isso e me dá alguma base", conta Ricardo.
Carolina Cavalcanti, 20, faz cursinho para prestar direito na USP e RI na Unicamp e na Unesp. "Muitas pessoas que pensavam em fazer direito estão fazendo RI. Eu pretendo trabalhar no exterior, em um consulado. Espero sair pronta da faculdade para atuar como cidadã, ajudar a sociedade e dar uma outra visão da vida para as pessoas. Falta muito isso no Brasil."
A estudante quer ser procuradora internacional e pretende juntar as duas graduações para atuar na área pública. "Seguiria carreira diplomática somente se, durante a faculdade, eu me identificar."
Para o presidente do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais e coordenador-geral do grupo de conjuntura internacional da USP, Gilberto Dupas, a opção de Carolina é a mais indicada.
"Para mim, o grande dilema do curso de RI é: "O que vocês vão fazer com a informação que receberam?". Procuro aconselhar da seguinte maneira: quem faz um curso de RI de graduação deverá fazer um curso de pós-graduação focado. Faça uma especialização para aplicar a generalidade. Outra opção é fazer a graduação em direito e a especialização em RI, por exemplo", explica.
Gabriel Arce, 18, pretende prestar vestibular para duas faculdades. Mas não de acordo com o conselho de Gilberto Dupas. Ele vai tentar oceanografia e RI.
"RI é a segunda opção. Minha primeira sempre foi oceanografia. Mas, por ser uma carreira diferenciada, resolvi prestar RI. Além disso, tenho cidadania americana e quero morar nos EUA", conta. "As duas faculdades não têm nada a ver, mas gosto muito de política internacional desde os 14 anos. Quero seguir carreira diplomática, mas nunca pensei em fazer isso aqui."
Da cozinha para as relações internacionais. Em uma temporada de quatro meses na Europa, o estudante Gabriel Leicand, 18, decidiu que prestará vestibular para RI.
"Não entrei em nenhuma faculdade, então decidi passar um tempo em Paris. Queria ser cozinheiro. Nesse meio tempo conheci um grupo de RI que estava fazendo intercâmbio. Vi que o curso se encaixou exatamente nos meus interesses. Gosto mais da discussão mais ampla do direito, relacionada à ética. Quando eu descobri que RI tinha tudo de economia, de direito e de história atual, decidi prestar."
Leicand ainda tem dúvida sobre qual área pretende atuar. "Sempre fiz projetos sociais. Não sei se vou acabar trabalhando numa ONG, numa empresa ou no governo, mas eu sei que eu não quero ser diplomata. Acho que em pequenas coisas a gente pode mudar mais. Apesar de não ter abandonado por completo a idéia de ser cozinheiro."
A indecisão pode atrapalhar os planos de quem não está preparado para encarar as dificuldades que o curso de RI apresenta.
A aluna do primeiro semestre do curso da USP Elisa Klüger, 18, já conhece o que vem pela frente. "Há muita coisa interessante no curso. É muito teórico e, para quem não está disposto a ler e resumir uma média de 50 páginas por dia, provavelmente não é aconselhável. Além disso, o curso tem muitas palestras. O aluno que vai ingressar tem de pensar que vai ficar praticamente todos os dias em palestras. Um dia vem um francês, outro dia vem um cara falar sobre jihad, tem muito tema. Você vai ter de ler, resumir e entregar. Você vai fazer isso o tempo inteiro", alerta. (Leandro Fortino)

302) Acho que já vimos esse filme antes (the remake)...


O meu remake, na verdade, é constituído por uma simples transcrição de um site para estudantes de primeiro ano de economia, desses bens elementares, que explicam sobre a lei da oferta e da procura, que alguns dirigentes estão tentando revogar...

Do site:
Aplia Econ Blog - News for Econ Students
Link: http://econblog.aplia.com/2006/01/chavez-cant-regulate-expropriate.html?showComments=false
Wednesday, January 25, 2006
Chavez: Can't Regulate? Expropriate.
Hugo Chavez, Venezuela's president, set lofty goals for regulating the coffee market--keep prices low for consumers and ensure farmers get a high price for their coffee beans. On the surface, Chavez appears to be making all the right political moves: helping poor coffee farmers and reaching voters where it counts--through their coffee mugs.

But, as you've learned in your econ class, government attempts to control prices usually end in turmoil. The coffee market hasn't behaved according to Chavez's plans. His solution: send in the National Guard. Apparently, an under-caffeinated population is a matter of national security. Read on to find out more about Venezuela's coffee chaos.

1. How are coffee producers--the companies that roast and process coffee beans--getting squeezed by President Chavez's price controls? How did the coffee producers respond to the price controls?

2. Chavez sets both the prices coffee producers pay to farmers and the prices coffee producers receive from consumers. Is the regulated price that producers pay to farmers an example of a price floor or a price ceiling? What about the price producers receive from consumers?

3. Chavez implements price controls on a variety of foodstuffs in Venezuela, including powdered milk and maize. What consequences do the price controls have in Venezuelan supermarkets?

4. How do you think coffee producers will respond to the government's coffee expropriation?

5. Chavez threatened to nationalize the coffee industry. Coffee producers often incur a loss after selling their coffee under current price controls. Assuming the government would incur the same costs as private coffee producers, who would make up for the government's loss on coffee production?

Topics: Price controls, Price ceiling, Price floor, Shortages, Expropriation

301) Acho que já vimos este filme antes...

...ele costuma não dar certo...

(das agências de imprensa, 27 Março 2006)

Chávez propõe tabelar preços de imóveis urbanos

"O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou tabelar os preços dos imóveis, sobretaxar os não ocupados e expropriar aqueles cujos proprietários não respeitarem o tabelamento na hora de vender, numa ofensiva contra a especulação imobiliária no país. "Se alguém em Caracas tiver cinco apartamentos e se recusar a vender pelo preço tabelado, nós vamos implementar decretos de expropriação e pagaremos ao dono o valor real do apartamento".
Os preços dos imóveis cresceram 35% no ano passado por causa da falta de investimentos na construção. Ontem, centenas de opositores ao presidente saíram em protesto contra o que chamam de "perseguição" das autoridades contra a imprensa."

Este filme aqui também: aparentemente tem gente que pensa que é possível revogar a lei da oferta e da procura na base do decreto governamental...


Argentina
Presidente institui símbolo da 'luta contra privilégios da elite'
Carne se consolida como front político de Kirchner


Paulo Braga de Buenos Aires
Valor Econômico, 27 Março 2006

O preço da carne, que em situações normais é visto como uma consequência do comportamento do mercado, se transformou nas últimas semanas em mais uma das batalhas políticas envolvendo diretamente o presidente argentino, Néstor Kirchner.

Preocupado com o impacto causado pelo aumento do produto, que na Argentina é consumido também pela população pobre, Kirchner tem abordado o problema de maneira ideológica, como uma espécie de defensor do direito de que todos seus cidadãos possam comer carne, contra a ganância de setores que estariam se beneficiando com os aumentos. "Basta de setores privilegiados", exclamou o presidente em discurso em uma localidade da Grande Buenos Aires visitada anteontem por ele e pela presidente do Chile, Michelle Bachelet. "Se a carne está cara, que baixem o preço para o povo, que o povo me ajude para que todos os argentinos tenham acesso [ao produto]", afirmou.

Na tentativa de deter a alta, no último dia 8, o governo proibiu por 180 dias as exportações de carne. As autoridades também estão fazendo uma campanha, com cartazes espalhados pelas ruas, para que a população boicote o produto. Para dar o exemplo, a carne bovina foi tirada do cardápio servido aos funcionários no refeitório da Casa Rosada, sede do governo.

Na ofensiva, o presidente tem contado com apoio de grupos de desempregados, que já haviam realizado protestos quando Kirchner pediu, em 2005, boicote aos combustíveis da Shell, depois de a empresa aumentar preços.

Semana passada, manifestantes protestaram em frente à sede do mercado de Liniers, principal centro de comercialização de gado vivo do país, e da SRA (Sociedade Rural Argentina), a mais importante entidade do setor agropecuário, sob o slogan "para que as vaquinhas voltem a ser nossas".

Às vésperas do aniversário do golpe de 1976, que fez 30 anos na sexta-feira, um dos dirigentes presentes, Jorge Aragón, disse que "a Sociedade Rural e os militares se dedicaram a derrubar presidentes na Argentina, e com esta denúncia viemos dizer que o povo e o governo não vão mais permitir isso".

"Segundo a percepção popular, os produtores de carne ainda são a faixa mais rica da população", afirmou o historiador José Ignacio Garcia Hamilton, lembrando que os pecuaristas ainda são identificados pela população em geral como a "elite" do país, apesar de a lucratividade obtida hoje com outros produtos, como a soja, ser maior. Mas, para Hamilton, a escolha dos pecuaristas como inimigos serve à retórica populista do presidente. "Esta é uma das razões pelas quais Kirchner se mete nessa briga."

Entre os produtores, o veto às exportações foi recebido com críticas. O argumento é que a medida pode ter um efeito de curto prazo, aumentando a oferta de carne no mercado interno e consequentemente baixando o preço. Mas no médio e longo prazo a tendência é que a menor lucratividade faça com que alguns abandonem a atividade, diminuindo a oferta.

"O governo deve estar mal assessorado, está tomando medidas que vão contra o que há de mais básico para diminuir o preço de um produto, que é aumentar a oferta", disse Marcelo Fielder, secretário de Ação Política da SRA.

"A demanda está muito forte e temos o mesmo estoque de gado de 20 anos atrás", argumenta Pablo Kirjluk, porta-voz do Consórcio de Exportadores de Carne, entidade que reúne 80% das empresas que realizam embarques ao exterior. Segundo ele, o rebanho argentino é hoje de 54 milhões de cabeças para uma população de cerca de 40 milhões de pessoas. O "problema" é que cada argentino come, em média, 61 kg de carne por ano - o brasileiro come 30 kg.

Kirjluk diz que o veto às exportações deve fazer a Argentina perder mercados, e a mensagem enviada aos compradores é que o país não é um provedor confiável. No plano interno, a proibição pode afetar 10 mil trabalhadores que estão empregados em frigoríficos dedicados à exportação, e esse é um dos fatores que levam os empresários do setor a ter esperanças de poder reverter a medida.

O maior frigorífico argentino é o Swift, comprado em 2005 pelo brasileiro Friboi. Um porta-voz da Swift diz que a situação é "preocupante" e disse que a atividade nas fábricas que processam carne cozida e embalada a vácuo é lenta: os funcionários só trabalham para atender pedidos que haviam sido feitos e aprovados antes do veto. O funcionário não quis comentar a situação da empresa em meio a negociações com o governo para derrubar o veto. Mas se a situação não mudar depois de atendidos esses pedidos, a perspectiva é que a atividade cesse totalmente."

300) Guerra de foices, entre os "neocons" americanos

Resenha do novo livro do Francis Fukuyama, no suplemento de livros do The New York Times deste sábado (25 de março de 2006), pelo "liberal-intervencionista" Paul Berman.
Eu falei em guerra de foices, mas na verdade trata-se de um debate muito civilizado, pois ninguém morreu ainda, como em certos protestos contra idéias e charges pelo mundo afora. Em compensação, no terreno de batalha real, do Iraque, a coisa anda muito feia para Mister Bush...

O livro resenhado e seu resumo, pelo próprio Fukuyama, são os seguintes:

AMERICA AT THE CROSSROADS
Democracy, Power, and the Neoconservative Legacy.
By Francis Fukuyama.
226 pp. Yale University Press. $25.

RELATED
"After Neoconservatism: An Essay" from the New York Times Magazine Adapted From the Book

March 26, 2006
'America at the Crossroads,' by Francis Fukuyama

Neo No More

Review by PAUL BERMAN

In February 2004, Francis Fukuyama attended a neoconservative think-tank dinner in Washington and listened aghast as the featured speaker, the columnist Charles Krauthammer, attributed "a virtually unqualified success" to America's efforts in Iraq, and the audience enthusiastically applauded. Fukuyama was aghast partly for the obvious reason, but partly for another reason, too, which, as he explains in the opening pages of his new book, "America at the Crossroads," was entirely personal. In years gone by, Fukuyama would have felt cozily at home among those applauding neoconservatives. He and Krauthammer used to share many a political instinct. It was Krauthammer who wrote the ecstatic topmost blurb ("bold, lucid, scandalously brilliant") for the back jacket of Fukuyama's masterpiece from 1992, "The End of History and the Last Man."

But that was then.

Today Fukuyama has decided to resign from the neoconservative movement — though for reasons that, as he expounds them, may seem a tad ambiguous. In his estimation, neoconservative principles in their pristine version remain valid even now. But his ex-fellow-thinkers have lately given those old ideas a regrettable twist, and dreadful errors have followed. Under these circumstances, Fukuyama figures he has no alternative but to go away and publish his complaint. And he has founded a new political journal to assert his post-neoconservative independence — though he has given this journal a name, The American Interest, that slyly invokes the legendary neoconservative journals of past (The Public Interest) and present (The National Interest), just to keep readers guessing about his ultimate relation to neoconservative tradition.

His resignation seems to me, in any case, a fairly notable event, as these things go, and that is because, among the neoconservative intellectuals, Fukuyama has surely been the most imaginative, the most playful in his thinking and the most ambitious. Then again, something about his departure may express a larger mood among the political intellectuals just now, not only on the right. For in the zones of liberalism and the left, as well, any number of people have likewise stood up in these post-9/11 times to accuse their oldest comrades of letting down the cause, and doors have slammed, and The Nation magazine has renamed itself The Weekly Purge. Nowadays, if you are any kind of political thinker at all, and you haven't issued a sweeping denunciation of your dearest friends, or haven't been hanged by them from a lamppost — why, the spirit of the age has somehow passed you by.

Fukuyama offers a thumbnail sketch of neoconservatism and its origins, back to the anti-Communist left at City College in the 1930's and 40's and to the conservative philosophers (Leo Strauss, Allan Bloom, Albert Wohlstetter) at the University of Chicago in later years. From these disparate origins, the neoconservatives eventually generated "a set of coherent principles," which, taken together, ended up defining their impulse in foreign affairs during the last quarter-century. They upheld a belief that democratic states are by nature friendly and unthreatening, and therefore America ought to go around the world promoting democracy and human rights wherever possible. They believed that American power can serve moral purposes. They doubted the usefulness of international law and institutions. And they were skeptical about what is called "social engineering" — about big government and its ability to generate positive social changes.

Such is Fukuyama's summary. It seems to me too kind. For how did the neoconservatives propose to reconcile their ambitious desire to combat despotism around the world with their cautious aversion to social engineering? Fukuyama notes that during the 1990's the neoconservatives veered in militarist directions, which strikes him as a mistake. A less sympathetic observer might recall that neoconservative foreign policy thinking has all along indulged a romance of the ruthless — an expectation that small numbers of people might be able to play a decisive role in world events, if only their ferocity could be unleashed. It was a romance of the ruthless that led some of the early generation of neoconservatives in the 1970's to champion the grisliest of anti-Communist guerrillas in Angola; and, during the next decade, led the neoconservatives to champion some not very attractive anti-Communist guerrillas in Central America, too; and led the Reagan administration's neoconservatives into the swamps of the Iran-contra scandal in order to go on championing their guerrillas. Doesn't this same impulse shed a light on the baffling question of how the Bush administration of our own time could have managed to yoke together a stirring democratic oratory with a series of grotesque scandals involving American torture — this very weird and self-defeating combination of idealism and brass knuckles? But Fukuyama must not agree.

The criticisms he does propose are pretty scathing. In 2002, Fukuyama came to the conclusion that invading Iraq was going to be a gamble with unacceptably long odds. Then he watched with dismay as the administration adopted one strange policy after another that was bound to make the odds still longer. The White House decided to ignore any useful lessons the Clinton administration might have learned in Bosnia and Kosovo, on the grounds that whatever Bill Clinton did — for example, conduct a successful intervention — George W. Bush wanted to do the opposite. There was the diplomatic folly of announcing an intention to dominate the globe, and so forth — all of which leads Fukuyama, scratching his head, to propose a psychological explanation.

The neoconservatives, he suggests, are people who, having witnessed the collapse of Communism long ago, ought to look back on those gigantic events as a one-in-a-zillion lucky break, like winning the lottery. Instead, the neoconservatives, victims of their own success, came to believe that Communism's implosion reflected the deepest laws of history, which were operating in their own and America's favor — a formula for hubris. This is a shrewd observation, and might seem peculiar only because Fukuyama's own "End of History" articulated the world's most eloquent argument for detecting within the collapse of Communism the deepest laws of history. He insists in his new book that "The End of History" ought never to have led anyone to adopt such a view, but this makes me think only that Fukuyama is an utterly unreliable interpreter of his own writings.

He wonders why Bush never proposed a more convincing justification for invading Iraq — based not just on a fear of Saddam Hussein's weapons (which could have been expressed in a non-alarmist fashion), nor just on the argument for human rights and humanitarianism, which Bush did raise, after a while. A genuinely cogent argument, as Fukuyama sees it, would have drawn attention to the problems that arose from America's prewar standoff with Hussein. The American-led sanctions against Iraq were the only factor that kept him from building his weapons. The sanctions were crumbling, though. Meanwhile, they were arousing anti-American furies across the Middle East on the grounds (entirely correct, I might add) that America was helping to inflict horrible damage on the Iraqi people. American troops took up positions in the region to help contain Hussein — and the presence of those troops succeeded in infuriating Osama bin Laden. In short, the prewar standoff with Hussein was untenable morally and even politically. But there was no way to end the standoff apart from ending Hussein's dictatorship.

Now, I notice that in stressing this strategic argument, together with the humanitarian and human rights issue, and in pointing out lessons from the Balkans, Fukuyama has willy-nilly outlined some main elements of the liberal interventionist position of three years ago, at least in one of its versions. In the Iraq war, liberal interventionism was the road not taken, to be sure. Nor was liberal interventionism his own position. However, I have to say that, having read his book, I'm not entirely sure what position he did adopt, apart from wisely admonishing everyone to tread carefully. He does make plain that, having launched wars hither and yon, the United States had better ensure that, in Afghanistan and Iraq alike, stable antiterrorist governments finally emerge.

He proposes a post-Bush foreign policy, which he styles "realistic Wilsonianism" — his new motto in place of neoconservatism. He worries that because of Bush's blunders, Americans on the right and the left are going to retreat into a Kissinger-style reluctance to promote democratic values in other parts of the world. Fukuyama does want to promote democratic values — "what is in the end a revolutionary American foreign policy agenda" — though he would like to be cautious about it, and even multilateral about it. The United Nations seems to him largely unsalvageable, given the role of nondemocratic countries there. But he thinks that a variety of other institutions, consisting strictly of democracies, might be able to establish and sometimes even enforce a new and superior version of international legitimacy. He wants to encourage economic development in poor countries, too — if only a method can be found that avoids the dreadful phrase "social engineering."

Fukuyama offers firm recommendations about the struggle against terrorism. He says, "The rhetoric about World War IV and the global war on terrorism should cease." Rhetoric of this sort, in his view, overstates our present problem, and dangerously so, by "suggesting that we are taking on a large part of the Arab and Muslim worlds." He may be right, too, depending on who is using the rhetoric. Then again, I worry that Fukuyama's preferred language may shrink our predicament into something smaller than it ever was. He pictures the present struggle as a "counterinsurgency" campaign — a struggle in which, before the Iraq war, "no more than a few thousand people around the world" threatened the United States. I suppose he has in mind an elite among the 10,000 to 20,000 people who are said to have trained at bin Laden's Afghan camps, plus other people who may never have gotten out of the immigrant districts of Western Europe. But the slaughters contemplated by this elite have always outrivaled anything contemplated by more conventional insurgencies — as Fukuyama does recognize in some passages. And there is the pesky problem that, as we have learned, the elite few thousand appear to have the ability endlessly to renew themselves.

HERE is where a rhetoric pointing to something larger than a typical counterinsurgency campaign may have a virtue, after all. A more grandiose rhetoric draws our attention, at least, to the danger of gigantic massacres. And a more grandiose rhetoric might lead us to think about ideological questions. Why are so many people eager to join the jihadi elite? They are eager for ideological reasons, exactly as in the case of fascists and other totalitarians of the past. These people will be defeated only when their ideologies begin to seem exhausted, which means that any struggle against them has to be, above all, a battle of ideas — a campaign to persuade entire mass movements around the world to abandon their present doctrines in favor of more liberal ones. Or so it seems to me. Fukuyama acknowledges that the terrorist ideology of today, as he describes it, "owes a great deal to Western ideas in addition to Islam" and appeals to the same kind of people who, in earlier times, might have been drawn to Communism or fascism. Even so, for all the marvelous fecundity of his political imagination, he has very little to say about this ideology and the war of ideas. I wonder why.

I think maybe it is because, when Fukuyama wrote "The End of History," he was a Hegelian, and he remains one even now. Hegel's doctrine is a philosophy of history in which every new phase of human development is thought to be more or less an improvement over whatever had come before. In "America at the Crossroads," Fukuyama describes the Hegelianism of "The End of History" as a version of "modernization" theory, bringing his optimistic vision of progress into the world of modern social science. But the problem with modernization theory was always a tendency to concentrate most of its attention on the steadily progressing phases of history, as determined by the predictable workings of sociology or economics or psychology — and to relegate the free play of unpredictable ideas and ideologies to the margins of world events.

And yet, what dominated the 20th century, what drowned the century in oceans of blood, was precisely the free play of ideas and ideologies, which could never be relegated entirely to the workings of sociology, economics, psychology or any of the other categories of social science. In my view, we are seeing the continuing strength of 20th-century-style ideologies right now — the ideologies that have motivated Baathists and the more radical Islamists to slaughter millions of their fellow Muslims in the last 25 years, together with a few thousand people who were not Muslims. Fukuyama is always worth reading, and his new book contains ideas that I hope the non-neoconservatives of America will adopt. But neither his old arguments nor his new ones offer much insight into this, the most important problem of all — the problem of murderous ideologies and how to combat them.

Paul Berman is a writer in residence at New York University and the author, most recently, of "Power and the Idealists: Or, The Passion of Joschka Fischer and Its Aftermath."

26 março 2006

299) A trajetória do multilateralismo brasileiro, do século XIX ao século XXI (4)

4. A etapa contemporânea, obra da atual geração de diplomatas...

1986: Declaração ministerial sobre a Rodada Uruguai – GATT
1986: Protocolo de prorrogação do Acordo Multifibras – GATT (1991)
1986: Grupo de Cairns – GATT
1986: Cooperação Aduaneira entre países de língua portuguesa (1995)
1987: Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis – MTCR (1995)
1987: Protocolo sobre substâncias que destroem a camada de ozônio (1990)
1988: Sistema Global de Preferências Comerciais entre países em desenvolvimento (1991)
1989: Convenção sobre movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos (1993)
1989: Tratado sobre o registro internacional de obras audiovisuais
1989: Acordo de criação do Mercado Comum Cinematográfica da América Latina (1998)
1989: Grupo dos 15 – G-15 (coordenação política entre países em desenvolvimento)
1990: Declaração da ONU sobre cooperação econômica internacional
1991: Tratado de Assunção – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (Mercosul)
1991: Protocolo de Brasília sobre Solução de Controvérsias no Mercosul (1993)
1991: Protocolo ao Tratado da Antártida sobre Proteção Ambiental (1995)
1992: Acordo de transporte fluvial da Hidrovia Paraguai-Paraná (1995)
1992: Sexto Protocolo de Prorrogação do Acordo sobre Têxteis - Acordo Multifibras (1993)
1992: Instituto Interamericano para pesquisa em mudanças globais (1994)
1992: Protocolo de Emenda à Convenção para a Conservação do Atum Atlântico (2005)
1992: Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (1998)
1992: Convenção sobre Diversidade Biológica (1998)
1992: Agenda 21 e Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
1992: Protocolo de Washington reformando a OEA (1998)
1992: Acordo Internacional do Açúcar (1999)
1992: Constituição e convenção da União Internacional de Telecomnicações (1999)
1992: Fundo Multilateral de Investimentos – BID
1993: Convenção sobre Armas Químicas e sua Destruição (1999)
1993: Protocolo de Manágua reformando a Carta da OEA (1998)
1993: Acordo Internacional do Cacau (2000)
1993: Associação dos Países Produtores de Café – APPC (1995)
1993: Plano de Retenção do Café, da APPC (1996)
1993: Protocolo prolongando o Acordo Multifibras (1994)
1994: Protocolo sobre jurisdição em matéria contratual no Mercosul (1996)
1994: Protocolo de promoção e proteção recíproca de investimentos no Mercosul
1994: Centro de Desenvolvimento da OCDE
1994: Ata Final dos resultados das negociações comerciais da Rodada Uruguai
1994: Acordo constitutivo da Organização Mundial do Comércio – OMC
1994: Protocolo de Marraqueche ao Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT-1994
1994: Acordo sobre Salvaguardas
1994: Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio
1994: Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio - TRIMs
1994: Acordo sobre Implementação do Artigo VI do GATT de 1994 (Anti-dumping)
1994: Acordo sobre Inspeção Pré-Embarque
1994: Acordo sobre Aspectos Comerciais da Propriedade Intelectual – TRIPs
1994: Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias
1994: Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços e Anexos - GATS
1994: Acordo sobre Agricultura – Rodada Uruguai
1994: Acordo sobre Têxteis e Vestuário – Rodada Uruguai
1994: Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias – Rodada Uruguai
1994: Acordo sobre Procedimentos para o Licenciamento de Importações
1994: Acordo Internacional (plurilateral) sobre Carne Bovina – Rodada Uruguai (1994)
1994: Acordo Internacional sobre Madeiras Tropicais (1998)
1994: Protocolo sobre investimentos de Estados não-membros do Mercosul
1994: Convênio Internacional do Café (1998)
1994: Centro Sul – South Center (ainda não ratificado)
1994: Protocolo adicional ao Tratado de Assunção – Protocolo de Ouro Preto (1996)
1994: Protocolo relativo ao Código Aduaneiro do Mercosul
1994: Tarifa Externa Comum do Mercosul
1994: Norma de Aplicação sobre Valoração Aduaneira no Mercosul
1994: Acordo sobre Transporte Multimodal no Mercosul
1994: Princípios de “Supervisão Bancária Global Consolidada” no Mercosul
1994: Protocolo de Medidas Cautelares do Mercosul (1998)
1994: Declaração de Miami sobre Área de Livre-Comércio das Américas - ALCA
1995: Acordo de Cooperação Interregional Mercosul-União Européia
1995: Acordo da Organização Internacional de Telecomunicações por Satélite (2005)
1996: Adesão ao Comitê do Aço da OCDE
1996: Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares – CTBT (1998)
1996: Instituto Internacional de Vacinas (1999)
1996: Convenção Interamericana contra a Corrupção – OEA (2002)
1996: Convenção sobre proibição de armas excessivamente lesivas (2000)
1996: Acordo de Complementação Econômica entre o Mercosul e o Chile
1996: Protocolo de Defesa da Concorrência no Mercosul (2000)
1997: Adesão ao Comitê de Comércio da OCDE
1997: Protocolo Modelo sobre Salvaguardas Adicionais ao TNP - AIEA
1997: Convenção sobre proibição de minas antipessoal e sua destruição (1999)
1997: Convenção Interamericana sobre Tráfico Ilícito de Armas de Fogo (1999)
1997: Acordo de Complementação Econômica entre o Mercosul e a Bolívia
1997: Adesão ao Comitê de Investimentos e Empresas Multinacionais da OCDE
1997: Protocolo de Quioto à Convenção sobre Mudança Climática (2005)
1997: Convenção sobre o uso dos cursos de águas internacionais – ONU
1997: Convenção sobre corrupção nas transações internacionais – OCDE (2000)
1998: Adesão ao Comitê de Agricultura da OCDE
1998: Adesão ao Comitê de Política de Concorrência da OCDE
1998: Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional – TPI (2002)
1998: Acordo-quadro Mercosul-Comunidade Andina para liberalização do comércio
1999: Acordo de reconhecimento de títulos universitários no Mercosul (2005)
2000: Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança da Conv. Divers. Biológica (2006)
2000: Tratado de Direito Patentário (OMPI)
2000: Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (20024)
2000: Acordo-quadro Mercosul-República da África do Sul e SACU
2001: Adesão ao Comitê de Administração Pública da OCDE
2001: Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (2005)
2001: Acordo-Quadro sobre Meio Ambiente do Mercosul (2004)
2001: Convênio Internacional do Café de 2001 (2002)
2002: Protocolo de Olivos sobre solução de controvérsias no Mercosul (2004)
2002: Acordo de complementação econômica Mercosul-México - ACE-54 (2003)
2002: Convenção Interamericana contra o Terrorismo (2005)
2002: Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes
2003: Acordo-quadro entre o Mercosul e a Índia
2003: Acordo de Complementação Econômica Mercosul-Peru
2003: Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção (2006)
2003: Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (2006)
2004: Acordo Mercosul-Comunidade Andina – ACE-59 (2005)
2005: Decisão política pelo ingresso da Venezuela no Mercosul (em negociação)
2006: Protocolo ao ACE-14 Brasil-Argentina sobre salvaguardas - MAC (2006)

Fontes: Paulo Roberto de Almeida, Relações internacionais e política externa do Brasil (Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004); O Brasil e o multilateralismo econômico (Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 1999); Formação da Diplomacia Econômica no Brasil: as relações econômicas internacionais no Império (São Paulo: Senac Editora; Brasilia: Funag, 2001 e 2005) e atualizações subsequentes.

Paulo Roberto de Almeida
(pralmeida@mac.com; www.pralmeida.org)
Atualizado em 25 de março de 2006

298) A trajetória do multilateralismo brasileiro, do século XIX ao século XXI (3)

3. Do regime militar à nova República

1964: Constituição da União Postal Universal – UPU
1964: Organização Internacional das Telecomunicações por Satélite – Intelsat
1965: Convenção para a facilitação do tráfico marítimo internacional (1977)
1965: Protocolo ao GATT-1947 sobre comércio e desenvolvimento - Parte IV (1975)
1965: Convênio de Créditos e Pagamentos Recíprocos da ALALC/ALADI
1965: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD
1966: Convenção Internacional sobre a Eliminação da Discriminação Racial (1969)
1966: Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1992)
1966: Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1992)
1966: Comissão da ONU sobre Direito Comercial Internacional – UNCITRAL
1966: Convenção Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (1969)
1967: Organização Mundial da Propriedade Intelectual – OMPI
1967: Tratado de Tlatelolco sobre proibição de armas nucleares na América Latina (1994)
1967: Centro de Comércio Internacional UNCTAD/GATT
1968: Tratado de Não-Proliferação Nuclear (assinatura em 1997; adesão em 1998)
1968: Acordo Internacional do Açúcar (1969)
1968: Convenção constitutiva da Corporación Andina de Fomento – CAF (1996)
1969: Tratado da Bacia do Prata, cooperação regional
1969: Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José (1992)
1969: Convenção sobre poluição por hidrocarburantes em alto mar – OMI (1977)
1970: Tratado de Cooperação sobre Patentes
1970: Sistema Geral de Preferências – UNCTAD
1970: Organização Mundial do Turismo
1970: Convenção sobre importação, exportação e transferência de bens culturais
1971: Convenção para a Proteção dos Produtores de Fonogramas
1971: Acordo operacional da Organização de Telecomunicações por Satélite (1974)
1971: Acordo da Comunidade da Pimenta do Reino (1981)
1971: Acordo Internacional do Trigo e Convenção sobre Comércio doTrigo (1972)
1971: Acordo sobre a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais - Flacso (1991)
1971: Constituição da União Postal das Américas e Espanha (1975)
1971: Protocolo de negociações comerciais entre países em desenvolvimento-GATT (1973)
1971: Convenção sobre zonas úmidas habitat de aves aquáticas – UNESCO (1993)
1971: Grupo dos Vinte e Quatro – G-24 (temas financeiros do FMI e BIRD)
1972: Convenção sobre a conservação das focas antárticas (1991)
1972: Convenção sobre armas bacteriológicas (biológicas) e toxinas (1975)
1972: Convenção sobre armas convencionais excessivamente danosas (1995)
1972: Acordo Internacional sobre o Cacau
1972: Convenção sobre danos causados pelos objetos espaciais
1972: Acordo constitutivo do Fundo Africano de Desenvolvimento – FAD
1972: Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
1972: Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente – UNEP
1972: Convenção sobre Proteção do Patrimônio Mundial – UNESCO (1977)
1972: Convenção sobre o Regulamento Internacional sobre Abalroamento no Mar (1977)
1972: Convenção sobre poluição marinha por alijamento de resíduos – OMI (1982)
1973: Convenção sobre poluição pelos navios – MARPOL/OMI (1988)
1973: Convenção sobre fauna e flora ameaçados de extinção – CITES (1975)
1973: Convênio da Organização Latino-Americana de Energia – OLADE
1973: Acordo sobre comércio internacional de têxteis – Acordo Multifibras-GATT (1974)
1973: Acordo Internacional do Açúcar (1974)
1974: Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata – FONPLATA
1974 Declaração sobre a Nova Ordem Econômica Internacional – ONU
1974: Carta dos Direitos e Deveres Econômicos dos Estados – ONU
1974: Grupo de Países Latino-Americanos e do Caribe Exportadores de Açúcar
1975: Convênio criando o Sistema Econômico Latino-Americano – SELA
1975: Acordo Internacional do Cacau (1979)
1975: Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional (1995)
1975: Diretivas do Clube de Londres sobre equipamentos nucleares (1996)
1976: Organização Internacional de Telecomunicações Marítimas – OMI/Inmarsat
1976: Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA/FAO
1976: Programa integrado para os produtos de base da UNCTAD
1977: Convênio sobre o Escritório Internacional de Madeiras Tropicais
1977: Protocolo de prorrogação do Acordo Multifibras – GATT (1980)
1977: Acordo Internacional do Açúcar (1980)
1978: Convênio Ibero-Americano de Seguridade Social de Quito (1981)
1978: Convênio Ibero-Americano de Cooperação em Seguridade Social (1981)
1978: Tratado de Cooperação Amazônica, cooperação regional
1978: Convenção da Org. Int. de Telecomunicações Marítimas por Satélite (1979)
1979: Convenção Internacional sobre Busca e Salvamento Marítimos (1991)
1979: Código de Normalização – GATT
1979: Código de Subvenções e Direitos Compensatórios – GATT
1979: Código de Valoração Aduaneira – GATT
1979: Código Antidumping – GATT
1979: Arranjo relativo à carne bovina – GATT
1979: Declaração sobre Tratamento diferenciado e mais favorável – GATT
1979: Medidas comerciais sobre Balança de Pagamentos – GATT
1979: Medidas de Salvaguarda para fins de Desenvolvimento – GATT
1979: Acordo sobre notificações, consultas, solução de controvérsias – GATT
1979: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA
1979: Acordo sobre Itaipu e Corpus, entre Argentina, Brasil e Paraguai
1979: Conv. Interam. sobre eficácia extraterrit. de sentenças e laudos arbitrais estr. (1995)
1979: Convenção Interamericana sobre Conflitos de Leis em Matéria de Cheques (1994)
1979: Conv. Interam. sobre Conflitos de Leis em Matéria de Sociedades Mercantis (1997)
1979: Acordo Internacional sobre a Borracha Natural (1983)
1979: Organização para o Desenvolvimento Industrial – ONUDI
1980: Fundo Comum para os produtos de base – UNCTAD (1991)
1980: Convenção sobre os recursos vivos marinhos da Antártica – ONU (1986)
1980: Convenção sobre a proteção física de materiais nucleares (1991)
1980 : Tratado de Montevidéu criando a ALADI
1982: Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – ONU (1988)
1982: Tratado da Comunidade Íbero-Americana de Previdência Social (1986)
1983: Convenção sobre o Sistema Harmonizado de mercadorias – CCA (1988)
1983: Associação dos Países Produtores de Estanho (ATPC) – (1998)
1983: Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana – RITLA (1990)
1983: Estatutos do Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia (1999)
1983: Acordo Internacional de Madeiras Tropicais, OIMT/FAO/UNCTAD (1985)
1985: Agência Multilateral de Garantia de Investimentos – MIGA (1992)
1985: Protocolo de Cartagena de Indias reformando a OEA (1989)
1985: Convenção de Viena para a proteção da camada de ozônio – UNEP (1990)

segue para o período final...

297) A trajetória do multilateralismo brasileiro, do século XIX ao século XXI (2)

2. Da era Vargas ao fim da República de 1946

1930: Banco de Compensações Internacionais – BIS (1996)
1930: Convenção sobre conflitos de leis em letras de câmbio – SDN (1942)
1930: Convenção sobre lei uniforme em letras de câmbio – SDN (1942)
1930: Convenção sobre tributação em letras de câmbio – SDN (1942)
1930: Acordo relativo aos sinais marítimos – SDN (1932)
1931: Convenção para limitar a fabricação e distribuição de estupefacientes
1931: Convenção para a Regulamentação da Pesca da Baleia – SDN (1933)
1931: Convenção relativa à lei uniforme sobre os cheques – SDN (1942)
1931: Convenção sobre conflitos de leis em matéria de cheques – SDN (1942)
1931: Convenção relativa à tributação em matéria de cheques – SDN (1942)
1931: União Postal das Américas e Espanha
1932: Convenção Internacional das Telecomunicações – UIT (1938)
1933: Convenção sanitária internacional para navegação aérea (1935)
1934: Conferência de Londres da União de Paris sobre Propriedade Industrial
1935: Tratado de proteção das instituições artísticas e científicas e monumentos
1935: Convenção sobre Repressão do Contrabando (1938)
1936: Convenção para Repressão do Tráfico Ilícito das Drogas Nocivas (1938)
1937: Convenção Interamericana de Radiocomunicações (1939)
1937: Acordo sobre Produção e Comércio do Açúcar (não operacional)
1938: Convenção Sanitária Internacional (1946)
1939: Comitê Consultivo Internacional do Algodão – ICAC (1946)
1940: Convênio Interamericano do Café
1940: Convenção sobre o Instituto Indigenista Interamericano (1954)
1940: Convenção para a proteção da flora e da fauna nos países americanos (1966
1941: Declaração de Princípios das Nações Unidas – Carta do Atlântico (1943)
1943: Convenção Pan-Americana sobre tráfego rodoviário
1943: Convênio criando a Administração de Assistência das Nações Unidas (1944)
1944: Convenção relativa à Aviação Civil Internacional – OACI
1944: Ata Final da Conferência Financeira e Monetária de Bretton Woods
1945: Ata de Chapultepec: solidariedade interamericana, liberalização econômica
1945: Carta das Nações Unidas – São Francisco
1945: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO
1945: Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO
1945: Acordo sobre a criação do Fundo Monetário Internacional – FMI
1945: Convenção Interamericana de Radiocomunicações (1955)
1945: Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento – BIRD
1946: Convenção Internacional da Baleia (1951; denúncia: 1965; nova adesão: 1974)
1946: Organização Mundial da Saúde – OMS (1948)
1946: Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas
1946: Convenção Interamericana sobre Direito do Autor
1947: Organização Meteorológica Mundial – OMM (1950)
1947: Organização Sanitária Pan-Americana (em 1958 passa a se chamar OPAS)
1947: Tratado Interamericano de Assistência Recíproca – TIAR (1948)
1947: Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT
1948: Carta de Havana criando a Organização Internacional do Comércio
1948: Convenção do Instituto Internacional da Hiléia Amazônica (não vigiu)
1948: Constituição da Comissão Internacional do Arroz (1964)
1948: Convenção para a prevenção do crime de genocídio (1952)
1948: Acordo Sanitário Panamericano (1955)
1948: Carta da Organização dos Estados Americanos - OEA (1952)
1949: Protocolo à Convenção de 1890 de estabelecimento da União Aduaneira (1954)
1949: Convenção sobre Comércio de Trigo
1950: Convenção sobre o Conselho de Cooperação Aduaneira – CCD/OMA (1981)
1951: Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais – FAO (1961)
1951: Convenção para o Estabelecimento do Centro Internacional do Cálculo (1975)
1951: Conferência de Direito Internacional Privado (1972; denúncia: 1977; 2001)
1952: Convenção Universal sobre o Direito Autoral – UNESCO (1960)
1952: Convenção Iinternacional de Telecomunicações (1957)
1952: Acordo Interamericano de Radiocomunicações (1957)
1953: Comitê Intergovernamental para Migrações Européias (1957; retirada: 1979)
1953: Convenção sobre Abolição da Escravidão e o Tráfico de Escravos (1966)
1953: Acordo Internacional do Açúcar – ISO/OIA (1958)
1954: Organização Internacional do Açúcar
1954: Convenção Internacional da União Latina (1975)
1954: Convenção para a Proteção de Bens Culturais em Conflitos Armados (1958)
1955: Organização Internacional de Metrologia Legal (1984)
1955: Corporação Financeira Internacional – CFI/BIRD
1955: Convenção que estabelece a Comissão Sericícola Internacional (1979)
1956: Protocolo à Convenção sobre Regulamentação da Caça da Baleia (1959)
1956: Convenção Suplementar sobre Abolição da Escravatura (1966)
1956: Convenção de Nova York sobre Prestação de Alimentos (1965)
1956: Estatuto da Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA
1958: Acordo Internacional do Café
1958: Convenção sobre o Alto Mar – ONU (1968)
1958: Convenção sobre Conservação dos recursos Vivos do Alto Mar – ONU (1968)
1958: Convenção sobre a Plataforma Continental – ONU (1968)
1959: Tratado da Antártida – ONU (1975)
1959: Convenção Internacional das Telecomunicações – UIT (1964)
1959: Convenção de Nova York: reconhecimento de laudos arbitrais (2002)
1959: Acordo criando o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID
1960: Associação Internacional de Desenvolvimento – AID/BIRD
1960: Tratado de Montevidéu criando a ALALC
1960: Convenção de Paris criando a OCDE (Brasil: membro observador de comitês)
1961: Convenção de Proteção dos Artistas Intérpretes ou Executantes
1961: Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (1965)
1961: Clube de Paris (participação a partir de 1983 como credor)
1961: Convenção Única sobre Entorpecentes da ONU (1964)
1961: Convenção Internacional para a Proteção das Obtenções Vegetais – UPOV (1999)
1961: Clube de Paris (participação parcial, como credor, a partir de 1983)
1962: Carta de Aliança dos Países Produtores de Cacau
1962: Acordo Internacional do Trigo (1963)
1962: Convenção criando a Organização Internacional do Café – OIC/ICO
1962: Resolução sobre a Soberania Permanente sobre os Recursos Naturais – ONU
1963: Convenção de Viena sobre Relações Consulares (1967)
1963: Convenção sobre Responsabilidade Civil por Danos Nucleares – AIEA (1993)
1963: Tratado sobre experiências nucleares, na atmosfera, no espaço e sob a água (1966)
1963: Programa FAO/OMS de Normas Alimentares – Codex Alimentarius (1968)
1963: Emenda à Convenção de 1955 sobre a Organização de Metrologia Legal (1984)
1963: Banco Africano de Desenvolvimento – BAD
1964: Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD
1964: Comitê de Produtos de Base – UNCTAD

segue...