31 janeiro 2006

199) Novas pérolas (só podem ser inventadas...)


Não acredito minimamente na autoria intelectual (!??!!) das pérolas abaixo. Creio mesmo na existência de um comitê secreto de professores mal intencionados, querendo apenas e tão somente denegrir a capacidade dos nossos jovens. Mas como também serve para distrair...

Vestibular PUC-RIO 2005
As redações do vestibular 2005 da PUC-Rio acabam de ser corrigidas.
Eis as pérolas deste ano:


1. Sobrevivência de um aborto vivo (título que o candidato deu à redação);
2. O Brasil é um País abastardo com um futuro promissório parece que confusório e preocupatório também;
3. O maior matrimônio do País é a educação;
4. Precisamos tirar as fendas dos olhos para enxergar com clareza o número de famigerados que aumenta;
5. Os analfabetos nunca tiveram chance de voltar à escola;
6. O bem star dos abtantes endependente de roça, religião, sexo e vegetarianos,está preocupan-do-nos;
7. É preciso melhorar as indiferenças sociais e promover o saneamento de muitas pessoas, de nível municipal, estadual e federal;
8. Também preoculpa o avanço regressivo da violência;
9. Resposta a uma pergunta: "Esta não cei".

UMA DAS MELHORES
E o presidente onde está? Certamente em sua cadeira fumando baseado e conversando com o presidente dos EUA.

HISTÓRIA
1. O Hino Nacional Francês se chama La Mayonèse...
2. Tiradentes, depois de morto, foi decapitulado.
3. Entres os índios de América, destacam-se os aztecas, os incas, os maios, os pirineus, os phenícios, egipcios, facistas...
4. A História se divide em 4: Antiga, Média, Moderna e Momentânea, esta, a dos nossos dias.

UMA DAS CAMPEÃS
Em Esparta as crianças que nasciam mortas eram sacrificadas.

OUTRAS EXCELENTES
1. Pergunta: "Que entende por helenização?
Resposta: "Não entendo nada"
2. No começo os índios eram muito atrazados mas com o tempo foram se sifilizando.
3. Entre os povos orientais os casamentos eram feitos "no escuro" e os noivos só se conheciam na hora h.
4. Então o governo precisou contratar o ficiais para fortalecer o exército da marinha.
5. No tempo colonial o Brasil só dependia do café e de outros produtos extremamente vegetarianos.

GEOGRAFIA
1. A capital de Portugal é Luiz Boa.
2. A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos.
3. O Brasil é um país muito aguado pela chuva, senão veja a Amazônia...
4. Na América do Norte tem mais de 100.000 Km de estradas de ferro cimentadas.
5. Oceano é onde nasce o Sol; onde ele nasce é o nascente, e onde desce, é o decente.
6. Na América Central há países como a República do Minicana.

ESTAS SÃO NOTA DEZ
1. A Terra é um dos planetas mais conhecidos no mundo e suas constelações servem para esclarecer a noite.
2. As principais cidades da América do Norte são Argentina e Estados Unidos.
3. Expansivas são as pessoas tangarelas.

E O PRÊMIO VAI PARA...
O clima de São Paulo é assim: quando faz frio é inverno; Quando faz calor é verão; quando tem flores é primavera; quando tem frutas é outono e quando chove é inundação.

198) Homenagem aos "paraíbas" do Brasil

Este:

ou este:

ou ainda este. Você escolhe!


Questão na prova final de um Colégio em SP, Terceiro Ano:
"Faça uma síntese sobre a importância do Vale do Paraíba"

Resposta de um aluno:
"O Vale do Paraíba é de suma importância, pois não podemos discriminar esses importantes cidadãos. Já que existem o Vale Transporte e o Vale do Idoso, por que não existir também o Vale do Paraíba? Além disso, sabemos que os Paraíbas, de um modo geral, trabalham em obras ou portarias de edifícios e ganham pouco. Então, o dinheiro que entra no meio do mês (que é o Vale), é muito importante para ele equilibrar sua economia familiar."

Vivendo e aprendendo...

197) Inflação e abertura comercial: evidências empíricas

Livre comércio sempre reduz inflação, diz estudo
Daniel Rittner, do jornal Valor Econômico (30.01.2006)

"O processo de abertura comercial, com aumento das importações na economia, ajuda a reduzir os níveis de inflação em qualquer circunstância. Tal relação não está restrita a um conjunto de países, nem a período específico de tempo, sendo uma regra que confirma a impressão da maioria dos economistas.
Essa é a conclusão de dois pesquisadores, Adolfo Sachsida e Mário Jorge Cardoso de Mendonça, em novo estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Por mais que essa percepção seja amplamente aceita nos livros-texto e pelos especialistas, o estudo traz uma novidade: baseados em modelos econométricos que receberam dados estatísticos de 152 países, entre 1950 e 1992, os autores tentam desmontar algumas teorias recentes que restringiam a correlação entre abertura comercial e queda da inflação.
Usando a metodologia de dados em painel, cuja vantagem é a possibilidade de testar com mais precisão hipóteses sugeridas anteriormente por outros pesquisadores, Sachsida e Mendonça combatem a visão de antigos defensores da tese de que a abertura às importações só ajuda a reduzir os níveis inflacionários em países severamente endividados, mas tem efeito praticamente nulo em países sem dívidas e com um banco central independente ou de alto grau de credibilidade.
Outros pesquisadores admitem correlação entre abertura comercial e queda da inflação mais forte nos anos 70 e 80, mas dizem que ela diminuiu gradualmente ao longo dos anos 90. "Países que experimentaram um aumento da abertura também observaram uma redução em seus níveis de inflação", concluem os economistas do Ipea, rejeitando distinções.
Eles testaram os dados, por exemplo, em países divididos em três categorias: altamente endividados, moderadamente endividados e sem grandes dívidas, no período entre 1973 e 1990. Estudos anteriores, feitos com metodologias diferentes, demonstraram que os efeitos da abertura sobre a inflação foram mais concentrados em países severamente endividados e, particularmente, depois de 1982, período que coincide com a crise da dívida.
Sachsida e Mendonça alegam ter comprovado, por meio de modelos econométricos, que não há diferenciação. Também argumentam, a partir de comparações entre dados de vários continentes, que a relação entre abertura comercial e queda de inflação independe de regiões geográficas."

Post scriptum PRA:
Fazendo o trabalho completo, o que nem sempre é o caso dos jornalistas, dou aqui o nome e o link para ler esse trabalho do IPEA:
Adolfo Sachsida e Mário Jorge Cardoso de Mendonça:
INFLATION AND TRADE OPENNESS REVISED: AN ANALYSIS USING PANEL DATA
TEXTO PARA DISCUSSÃO N° 1148
Rio de Janeiro, janeiro de 2006

Trecho da conclusão:
"In a summarized way, this study strengthens the results which Romer (1993 and 1998) presented, showing that a negative relationship between openness and inflation exists. Moreover, it was showed that such a relationship is not specific to any group
of countries nor specific to a determined period of time. Thus, countries that experienced an increase of openness also observed a reduction in their levels of inflation."
Os textos citados de D. Romer são os seguintes:
ROMER, D. Openness and inflation: theory and evidence. Quarterly Journal of Economics, v. 108, n. 4, p. 869-903, Nov. 1993.
—————. A new assessment of openness and inflation: reply. Quarterly Journal of
Economics, p. 649-52, May 1998.
Link para o texto:
http://www.ipea.gov.br/pub/td/2006/td_1148.pdf

30 janeiro 2006

196) Contrastes e confrontos: FSM de Caracas versus India


Apenas recolhendo da imprensa diária, reflexos constrastantes sobre o Fórum Social Mundial de Caracas e seu irmão mais velho, capitalista, de Davos, o Fórum Econômico Mundial.

Primeiro, algumas impressões do FSM de Caracas:

"Presidente venezuelano quer bloco antiimperialista
(O GLobo, 29 de janeiro de 2006)
CARACAS. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, alinhou-se a uma parte da cúpula do Fórum Social Mundial (FSM) para formar uma espécie de nova Internacional. Interlocutores de diversos governos de esquerda, incluindo Brasil, Cuba, Uruguai e Bolívia, consideraram a idéia viável, desde que mantida a independência dos governos e das organizações sociais que formam o FSM.

O GLOBO apurou junto aos articuladores que o movimento prevê o financiamento parcial e a ajuda dos governos em sua estrutura. O alvo é “o império de Mr. Danger (George W. Bush)”, segundo Chávez. Outra proposta é a incorporação dos fóruns paralelos, como o de Autoridades Locais, ao FSM, aumentando a participação dos políticos de esquerda.

A proposta — fruto de uma articulação de intelectuais e dirigentes de ONGs — foi anunciada por Chávez em discurso na noite de sexta-feira, para uma platéia de cerca de dez mil pessoas, com direito ao hino da Internacional Socialista (que prevê “uma terra sem amos”).

— Não podemos permitir que o Fórum se converta em um encontro turístico e folclórico — disse Chávez. — Clamo ao FSM a construção de um grande movimento mundial antiimperialista, um movimento autenticamente socialista.

Chávez também afirmou que o governo americano não vê com bons olhos o projeto do gasoduto na América do Sul:

— Já falam do grupo “Chakal”, de Chávez, Kirchner e Lula, que está construindo um gasoduto. Está aí o desespero fundamental de Mr. Danger, que quer nosso petróleo."


Desorganizado, Fórum Social termina sem Chávez
(Agencia Estado, 29 janeiro 2006 - 22:07)
Caracas - O VI Fórum Social Mundial (FSM) terminou neste domingo em Caracas sem discurso do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que estava no programa. O caos que caracterizou a organização do Fórum Social Mundial também chegou ao último dia, com todos esperando a presença de Chávez, que na sexta-feira passada proclamou "socialismo ou morte" em um discurso no encontro, diante de 15.000 pessoas.

"O Fórum Social não é isto".
A falta de organização no dia do encerramento foi parecida com o que caracterizou os seis dias anteriores em que o FSM se reuniu em Caracas. Ao longo do encontro, foram várias as conferências suspensas ou que aconteceram em lugar diferente do anunciado. Em frente ao Hotel Caracas Hilton, coração do Fórum Social, o brasileiro Oded Grajew, um dos fundadores do movimento, explicou claramente aos jornalistas: "O Fórum Social não é isto".

À margem do caos na organização, os movimentos sociais do Fórum concluíram neste Domingo suas deliberações e emitiram um documento no qual consta seu "calendário de protestos" para este ano. As primeiras grandes manifestações foram anunciadas para 18 de março, data para a qual se convocou todos os ativistas para uma "jornada de mobilização internacional contra a ocupação do Iraque". Também em relação à guerra no Iraque, os ativistas foram chamados a participar de uma conferência contra a hegemonia dos Estados Unidos e a ocupação que será realizada no Cairo de 24 a 27 de março.
Além disso, houve o pedido para o movimento contra a globalização ficar "alerta" diante do desenvolvimento das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) e convocou para o protesto em reunião que esse órgão realizará em maio, em Genebra. A seguinte reunião dos críticos à globalização será em julho, na cidade russa de São Petersburgo, durante uma reunião do Grupo dos Oito (G8). O último protesto antiglobalização do ano foi anunciado para setembro e será contra o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM)."

Agora, trechos de uma entrevista com o ministro da economia da India, presente no FEM de Davos, no mesmo jornal O Globo, do domingo 20.01.06:

Índia: sucesso vem de reformas e educação

DAVOS (Suíça). Palaniapan Chidambaram, o ministro da Economia da Índia, rejeita as comparações entre as altas taxas de crescimento de seu país — para este ano, a previsão é de 7,5% a 8% — e o avanço estimado para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de 3% a 4%. Em entrevista ao GLOBO, ele disse que o Brasil está indo “razoavelmente bem”, mas que a chave do sucesso da Índia é clara: manteve-se no curso das reformas e investiu mais em educação.

Em 1991, a Índia estava à beira da bancarrota. Hoje o país está crescendo mais de 7%. O que vocês fizeram que o Brasil não fez?
PALANIAPAN CHIDAMBARAM: O Brasil está indo razoavelmente bem. Não vejo razão para que vocês fiquem na defensiva. Na Índia houve uma mudança de governo, mas continuamos no caminho (de reformas).

Qual é o curso das reformas?
CHIDAMBARAM: Liberalização, desregulamentação, globalização, modernização. Chegamos a um equilíbrio entre o papel do Estado e o do setor privado. E soltamos a energia criativa dos jovens, que é a nossa grande força: recursos humanos. Fizemos reformas institucionais nos setores de bancos, seguros, mercado de capitais. Mantivemo-nos no curso e continuamos com as reformas.

Seu primeiro-ministro defendeu o que se chamou de economia mista (o Estado tem papel importante). A Índia criou um modelo?
CHIDAMBARAM: Eu colocaria da seguinte forma: criação empreendedora de riqueza. Fazer negócios é para empresários, mas o governo tem um papel ao intervir em educação, saúde, infra-estrutura e saneamento. O governo precisa ganhar muito dinheiro para fornecer estes serviços. Em manufaturados, comércio, isso tem que ser feito pelo setor privado. Acho que temos um modelo em que redefinimos o papel do governo e aumentamos o do setor privado.
(...)
A Índia tem grandes problemas sociais, mas conseguiu criar uma elite altamente educada. É a saída?
CHIDAMBARAM: Educação é chave para o desenvolvimento de qualquer país. Criamos uma elite altamente educada, mas temos muito o que fazer para assegurar que cada criança chegue à escola. (D.B.)"

Cada um que tire suas conclusões...

28 janeiro 2006

195) Lições de um banqueiro central (agora de pijama...)


As lições da era Greenspan
Veja, 1º de fevereiro de 2006

Como presidente do Fed, o banco central americano, Alan Greenspan, durante dezoito
anos, ditou o ritmo da economia americana e mundial. Ele sai nesta terça-feira. Sua herança fica. Abaixo, algumas verdades econômicas que se firmaram nessas quase duas décadas.

É A PRODUTIVIDADE, ESTÚPIDO!
O crescimento do PIB tem impacto mais direto sobre a qualidade de vida das pessoas quando é impulsionado pelo aumento da produtividade. Uma economia dependente de uma monocultura concentradora de renda nas mãos do Estado, como é o caso da Venezuela com o petróleo, pode experimentar taxas altíssimas de crescimento nominal do PIB sem que isso se reflita na melhoria das condições de vida das pessoas. Um país que consiga aumentar sua produtividade em 5% ao ano dobra o padrão de vida da população em dez anos. Por quê? A razão é simples. A produtividade só aumenta com investimentos pesados em educação, tecnologia, desburocratização, diminuição do custo do Estado sobre os cidadãos e abertura econômica – todos fatores que direta ou indiretamente jogam para cima a qualidade de vida. Além disso, o aumento da produtividade permite à economia amortecer surtos inflacionários sem aumento correspondente da taxa de juro. Com alta produtividade, os exportadores de um país vencem quaisquer obstáculos e tornam-se menos vulneráveis às flutuações do câmbio.

A LIÇÃO PARA O BRASIL– Com 40% de carga fiscal, o Estado brasileiro pesa mais sobre os ombros de seus cidadãos que pagam impostos do que a máquina estatal de países comunistas como a China, onde esse valor mal chega a 20%. A carga fiscal brasileira joga metade da economia no limbo da informalidade, um porão onde a luz da produtividade não entra. Os setores da economia brasileira que melhores resultados apresentam hoje – principalmente o têxtil e o de bens de capital – são aqueles que se aproveitaram do dólar barato no período de câmbio fixo dos anos FHC para comprar equipamentos e máquinas de produção modernas e, assim, aumentar sua produtividade.


OS JUROS SÃO APENAS O FAROL, NÃO O CARRO
Talvez a grande arte de Greenspan tenha sido sua capacidade de "gerenciar expectativas". O que é isso? É dar aos agentes do mercado – empregadores e empregados, investidores e empreendedores, governantes e governados – a certeza de que não haverá surpresas impactantes na definição dos juros. Essa certeza vem da força moral e intelectual do presidente do banco central, mas também de sua inquestionável independência em relação a interesses políticos. Com essa atitude, os bancos centrais aumentam suas chances de amenizar os efeitos mais catastróficos das crises, de modo que nos episódios recessivos se consiga um "pouso suave" para a economia e nas ondas de crescimento se produza uma "decolagem suave." No primeiro caso, evita-se maior sofrimento para as pessoas, como a escassez e o desemprego. No segundo, a economia cresce sem levar consigo a inflação. Greenspan dizia que conseguir isso tudo tendo como instrumento apenas o poder de mexer na taxa de juro de curto prazo exige uma disciplina férrea, método e independência. A taxa de juro é apenas o farol que ilumina o caminho com menor ou maior intensidade. Os bancos centrais nada podem fazer pela produtividade, pela melhoria da logística das empresas, pelo aperfeiçoamento das leis trabalhistas e pela eficácia dos métodos de gestão privada – e tampouco podem obrigar os governos a cobrar impostos com menos fúria e ganância.

A LIÇÃO PARA O BRASIL – A indigência do pensamento esquerdista em economia no Brasil dá a impressão de que todo o enrosco nacional se deve aos juros reais praticados pelo Banco Central, que são os mais altos do mundo. Por essa visão bastaria baixar os juros para que a economia decolasse. Nada mais falso. Alguém por acaso imagina que efeito haveria sobre a economia do Haiti caso o governo da infeliz nação do Caribe baixasse a taxa de juro? Na visão deixada por Greenspan, a taxa de juro no Haiti é apenas um farol sem o resto do carro.

Os juros sempre têm de buscar a taxa de equilíbrio. A sabedoria dos bancos centrais está em saber qual é esse ponto. Um estudo do Fed mostra que no longo prazo – trinta anos – a taxa de juro de curto prazo tem poder efetivo sobre o controle da inflação mas nenhum sobre a taxa de crescimento. O que isso significa? Significa que manipular a política econômica para turbinar artificialmente a taxa de crescimento do PIB pode funcionar no curto prazo, mas logo virá uma correção recessiva – na maioria dos casos pela via inflacionária –, de modo que no longo prazo o crescimento obtido será o mesmo ou menor. O economista Claudio Haddad disse a mesma coisa em outras palavras: "No recente debate provocado pela queda do PIB diante das expectativas originais, tem se argumentado que a equipe econômica e o Banco Central deveriam doravante priorizar o crescimento, e não a inflação. Trata-se de um falso dilema. Não existe crescimento sustentável sem estabilidade, e para que ele aconteça é fundamental aprofundarmos o ajuste fiscal para que a estabilidade possa ser mantida a custos mais baixos para a sociedade".


É A ESTABILIDADE, ESTÚPIDO!
O economista Carlos Geraldo Langoni diz que o Fed se tornou o símbolo do banco central independente – uma raridade há trinta anos e hoje uma quase-unanimidade no mundo ocidental industrializado. Independente e com o mandato de conter a inflação, um banco central pode dar o ritmo estável à economia de um país propiciando aos agentes econômicos a bonança da "estabilidade gerencial". Um Prêmio Nobel foi dado ao americano Ronald Coase por ele ter provado que a estabilidade, a previsibilidade e o respeito a regras e contratos são o maior fator de corte de custos em uma empresa. As idéias de Coase estão começando a ser aplicadas a países. O melhor instrumento para diminuir os custos de transação em um país e entre países é a estabilidade de preços. A inflação média da era Greenspan nos Estados Unidos foi de 3%. A ação do Fed americano permitiu que a inflação se mantivesse estável mesmo sob o impacto dos déficits (de balança comercial e fiscal) e dos choques externos, como o aumento de 300% no preço do petróleo a partir de 2001.

A LIÇÃO PARA O BRASIL – O atual sistema de metas de inflação adotado pelo Banco Central brasileiro a partir de 1999 não é perfeito, mas tem a enorme vantagem de ser um compromisso formal com a estabilidade de preços. Os bancos centrais têm a mesma perplexidade dos mortais a respeito de como as economias funcionam e de quais são os limites das políticas econômicas sobre o mundo real. Eles apenas têm, em alguns casos, melhor e privilegiado acesso a informações e dados. Não são sábios. São sabidos. O sistema de recolhimento de dados do Fed americano é a mais extensa e capilarizada rede de informantes do país. Nenhum economista ou investidor tem acesso em tempo real aos dados antes que o Fed os analise. Por essa razão, para funcionarem bem os bancos centrais precisam ser vistos pelos agentes como donos de informações privilegiadas e de melhor qualidade do que qualquer um deles individualmente em um dia qualquer. É isso que garante a estabilidade. Mudar o sistema de metas apenas porque não é perfeito é uma temeridade. Nenhum sistema é perfeito. A grande qualidade deles é não serem mexidos a cada soluço recessivo ou inflacionário. O Fed americano tem um sistema de metas inflacionárias em que o limite máximo não é estipulado formalmente – mas todo mundo sabe que ele não pode passar de 3% em hipótese alguma e deve sempre estar girando em torno de 2%. Ben Bernanke, sucessor de Alan Greenspan, é um defensor de metas formais. Não será surpresa se ele as adotar no Fed.


A GLOBALIZAÇÃO BAIXA OS JUROS
Esse talvez seja o mais formidável fenômeno da era Greenspan. Os países que se abriram mais intensamente para o exterior foram os que menores juros tiveram e aqueles onde o estímulo monetário não degenerou em inflação. Por quê? A principal razão deriva do fato de que a abertura para o exterior acelera a competição e obriga as empresas a elevar drasticamente sua produtividade. Assim, elas conseguem fazer produtos cada vez melhores e mais baratos. Cada geração nova de um computador ou de um tocador de MP3 sai da linha de montagem com mais recursos e muitas vezes preços inferiores. Isso ocorre em escalas maiores, com automóveis, navios, aviões e máquinas industriais. Esse fenômeno segura a inflação. A liquidez em excesso pode ser direcionada para o mercado de ações ou para a construção civil. Quando há dinheiro demais, como no caso dos Estados Unidos, surgem as bolhas especulativas de preços. Elas são perigosas, sem dúvida. Mas, como nos EUA o preço desses chamados ativos não afeta a inflação, Greenspan se limitou a fazer alertas sobre a "exuberância irracional" dos mercados – e não permitiu que esses surtos levassem à subida exagerada dos juros.

A LIÇÃO PARA O BRASIL – A abertura para o exterior nos anos 90 foi a mais positiva guinada da economia brasileira em meio século. A soma das importações e exportações em proporção do PIB define o grau de abertura econômica de um país. Esse número está em 30% hoje. É uma mudança espetacular, embora tímida quando comparada ao que ocorre no Chile ou na China. A abertura pode trazer incômodos em períodos de escassez mundial de capitais. Nos tempos que correm, de excepcional liquidez internacional, a abertura é garantia de dólares abundantes e baratos – talvez a maneira menos dolorosa de segurar a inflação. Por acanhamento ideológico e apostas erradas do atual governo, o Brasil perdeu o bonde do excesso de liquidez no Primeiro Mundo. Saiu de terceiro maior destino de investimentos no governo FHC para a oitava posição no governo Lula. Uma pena, pois nada permite concluir que a liquidez mundial vá durar por muito mais tempo.

194) Ainda uma pausa para humor (jurídico)...


Gafes em tribunais

Vejam as célebres gafes em Tribunais... Estas são piadas retiradas do livro Desordem no tribunal.
São coisas que as pessoas realmente disseram, e que foram transcritas textualmente pelos taquígrafos, que tiveram que permanecer calmos enquanto estes diálogos realmente aconteciam à sua frente.


Advogado: Qual é a data do seu aniversário?
Testemunha: 15 de julho.
Advogado: Que ano?
Testemunha: Todo ano.
______________________________________________

Advogado: Essa doença, a miastenia gravis, afeta sua memória?
Testemunha: Sim.
Advogado: E de que mo do ela afeta sua memória?
Testemunha: Eu esqueço das coisas.
Advogado: Você esquece... Pode nos dar um exemplo de algo que você tenha esquecido?
_______________________________________________

Advogado: Que idade tem seu filho?
Testemunha: 38 ou 35, não me lembro.
Advogado: Há quanto tempo ele mora com você?
Testemunha: Há 45 anos.
______________________________________________

Advogado: Qual foi a primeira coisa que seu marido disse quando acordou aquela manhã?
Testemunha: Ele disse, "Onde estou, Bete?"
Advogado: E por que você se aborreceu?
Testemunha: Meu nome é Célia.
______________________________________________

Advogado: Me diga, doutor, ... não é verdade que, ao morrer no sono, a pessoa só saberá que morreu na manhã seguinte?
______________________________________________

Advogado: Sobre esta foto sua...o senhor estava presente quando ela foi tirada?
______________________________________________

Advogado: Sr. Marcos, por que acabou seu primeiro casamento?
Testemunha: Por morte do cônjuge.
Advogado: E por morte de que cônjuge ele acabou?
_______________________________________________

Advogado: Poderia descrever o suspeito?
Testemunha: Ele tinha estatura mediana e usava barba.
Advogado: E era um homem ou uma mulher?
_______________________________________________

Advogado: Doutor, quantas autópsias o s enhor já realizou em pessoas mortas?
Testemunha: Todas as autópsias que fiz foram em pessoas mortas.
_______________________________________________

Advogado: Aqui na corte, para cada pergunta que eu lhe fizer, sua resposta deve ser oral, Ok? Que escola você freqüenta?
Testemunha: Oral.
_______________________________________________

Advogado: Doutor, o senhor se lembra da hora em que começou a examinar o corpo da vitima?
Testemunha: Sim, a autópsia começou às 20:30h.
Advogado: E o sr. Décio já estava morto a essa hora?
Testemunha: Não... Ele estava sentado na maca, se perguntando porque eu estava fazendo aquela autópsia nele.
_______________________________________________

******* Essa é a melhor ********
Advogado: Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor checou o pulso da vítima?
Testemunha: Não.
Advogado: O senhor checou a pressão arterial?
Testemunha: Não.
Advogado: O senhor checou a respiração?
Testemunha: Não.
Advogado: Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou?
Testemunha: Não.
Advogado: Como o senhor pode ter essa certeza?
Testemunha: Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa.
Advogado: Mas ele poderia estar vivo mesmo assim?
Testemunha: Sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando Direito em algum lugar!!!

193) Previdência: crônica do desastre anunciado...


Do meu economista do apocalipse preferido...

Reflexão Sobre Previdência Social no Brasil – Fonte IBGE

Base: Dezembro de 2005

Premissa Maior

Em dezembro de 2005, segundo o IBGE, a População Ocupada (PO) tinha a participação de 44,0% de mulheres e 56,0% dos homens, a População em Idade Ativa (PIA) de 53,4 de mulheres e 46,6% de homens e a População Economicamente Ativa (PEA) de 44,9% de mulheres e 55,1% de homens.

Premissa Menor
As mulheres contribuem com cinco anos menos para a previdência (INSS ou Servidores Públicos) em relação aos homens, obtendo os mesmos benefícios dos homens, além de terem uma expectativa de vida de 7,6 anos maior do que os homens. Os militares possuem o direito de computarem nos cálculos de suas aposentadorias o período das escolas preparatórias e academias militares (5 anos). Com base na técnica atuarial existem 12,6 anos nas aposentadorias femininas civis, e 17,6 anos nas aposentadorias femininas militares, sem fontes de contribuições.

Conclusão
Como as estatísticas demonstram, nos últimos trinta anos, o crescimento exponencial da participação da mulher no mercado de trabalho, é óbvio e ululante que o Brasil vem montando uma bomba-relógio na previdência social, de proporções inimagináveis, que começará a ser sentida nos próximos anos, com o início dos pagamentos dos benefícios sem fontes de contribuição. Com base nas premissas acima colocadas, a falência total do sistema será inevitável.

Ricardo Bergamini
(48) 3244-7671
rberga@globo.com
www.rberga.kit.net

27 janeiro 2006

192) Imposturas Intelectuais

Imposturas Intelectuais
por Rodrigo Constantino *

Any intelligent fool can make things bigger, more complex, and more violent. It takes a touch of a genius - and a lot of courage - to move in the opposite direction. (Albert Einstein)

De acordo com os solipsistas, a falsificabilidade de Popper não faria sentido, posto que provas inexistem. Mas a epistemologia randiana, em contrapartida, objetiva aprioristicamente determinados fatos, independentes do princípio da incerteza de Heisenberg. A própria etimologia de “fato” corrobora tal assertiva. Dependendo da esfera cognitiva, entretanto, poderemos cair na famosa incomensurabilidade de paradigma, segundo Kuhn. Restaria uma explicação somente através da topologia psicanalítica de Lacan. E assim a questão poderia se dar por encerrada, com razoável grau de certeza. Ou não.

Caro leitor, muita calma nessa hora! Se você não entendeu nada do que eu quis dizer acima, é bom sinal. Afinal de contas, realmente não quis dizer absolutamente nada. Esse artigo pretende desmascarar determinado tipo de pseudo-intelectual, que apela com assustadora freqüência aos estratagemas conhecidos para impressionar leigos.

Não estou sendo sequer original aqui, pois Alan Sokal adotou exatamente essa estratégia para desmascarar vários intelectuais. Sokal mandou para uma famosa revista um artigo com título complexo, e trechos mais obscuros que os utilizados acima. Seu artigo não só foi aceito, como gerou bastante reação positiva. Qual não foi a surpresa geral quando o autor confessou tratar-se de um emaranhado de frases soltas e sem sentido? A revolta foi grande, e Sokal decidiu transformar seus argumentos em livro, com o mesmo título desse meu artigo, refutando intelectuais do peso de um Lacan, Kuhn ou Feyerabend.

Segundo o próprio autor, “a obra trata da mistificação, da linguagem deliberadamente obscura, dos pensamentos confusos e do emprego incorreto dos conceitos científicos”. São desmontadas táticas, como o uso de terminologia científica ou pseudocientífica sem dar a devida atenção ao seu real significado, ou ostentar uma erudição superficial, usando termos técnicos fora de contexto, para impressionar. Fora isso, frases são manipuladas constantemente. Sokal, com o auxílio de Jean Bricmont, mostra que o “rei está nu”, com casos manifestos de charlatanismo. A reputação que certos textos têm em virtude de suas idéias serem “profundas”, em muitos casos, são apenas reflexo de serem na verdade incompreensíveis, pois não querem dizer absolutamente nada.

Os leitores precisam entender que a prolixidade não significa bom conteúdo, ou que a complexidade não quer dizer lógica. Precisam saber ainda que a erudição e abuso de citações não garantem o embasamento do argumento, e que o apelo à autoridade costuma ser um desvio para quem não sabe refutar concretamente um determinado ponto. Um debate intelectualmente honesto precisa contar com razoável grau de objetividade. Caso contrário, muito provavelmente estaremos diante de um embusteiro.

Deixo a conclusão para Isaiah Berlin, que em seu livro A Força das Idéias, ataca basicamente o mesmo ponto exposto aqui: "Uma retórica pretensiosa, uma obscuridade ou imprecisão deliberada ou compulsiva, uma arenga metafísica recheada de alusões irrelevantes ou desorientadoras a teorias científicas ou filosóficas (na melhor das hipóteses) mal compreendidas ou a nomes famosos, é um expediente antigo, mas no presente particularmente predominante, para ocultar a pobreza de pensamento ou a confusão, e às vezes perigosamente próximo da vigarice."

* Rodrigo Constantino é economista, formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças pelo IBMEC.
Publicado em 26/01/2006 no site Diego Casagrande.

26 janeiro 2006

191) Homenagem a um Concorrente Exemplar


Alguns amigos (generosos ou preguiçosos, vocês escolhem) costumam me dizer que eu escrevo mais rápido do que eles conseguem ler, o que é virtualmente impossível.

Ainda que isso fosse verdade, eu não estou nem perto de igualar o desempenho do escritor mais rápido do planeta, o inacreditável Ryoki Inoue, o campeão absoluto da pluma, ou mais exatamente da máquina de escrever e, provavelmente, hoje, do computador.

Leiam, rapidamente, se puderem, a história dele, mas tenham certeza de que, ao chegar ao final, ele terá escrito bem mais do que vocês puderam ler.

(Foto: Arquivo Pessoal/Ryoki Inoue)


O autor de mais de mil livros
Emerson Couto
3.12.2005, No Mínimo (Notícia e Opinião)

"Quem vê o homem de ascendência oriental caminhar tranqüilamente pelas ruas de Gonçalves, pacata cidade do sul de Minas Gerais, com um saco de verduras ou um cachimbo nas mãos, não imagina se tratar de um escritor frenético. Hoje, ele escreve, em média, três livros por ano, mas já foram três por dia.

José Carlos Ryoki de Alpoim Inoue, um médico paulista de 59 anos que abandonou as cirurgias de tórax para se dedicar à paixão de infância, aprendeu a ser ágil com as idéias e colocá-las no papel por uma questão de sobrevivência. Coisas de escritor brasileiro.

Hoje, já são mais de 1.070 livros publicados, um recorde mundial. A carreira de escritor começou em 1986, aos 40 anos, com “Os Colts de McLee”, um pocket book publicado por uma editora carioca, que vendeu 15 mil exemplares. Com o sucesso, vieram outros, centenas de outros livros de bolso, com histórias policiais, de western, amor, guerra ou ficção científica.

Mas o que as editoras pagavam a Ryoki era tão pouco que mal dava para cobrir os gastos com o papel, a fita da máquina de escrever e o envio do original pelo correio. A solução foi aumentar a produtividade. “Eu tinha de escrever muito para garantir um padrão de vida mínimo. Foi por isso que eu sempre escrevi tanto”, revela a NoMínimo.

Entre 1986 e 1992, Ryoki produziu 999 livros de bolso, todos em sua máquina de escrever. Sem qualquer pretensão, entrou para o “International Guiness Book of Records” como o homem que mais escreveu e publicou livros em todo o planeta. Por exigência das editoras, teve de adotar 39 diferentes pseudônimos, todos estrangeiros, como James Monroe (o da estréia). Eram temas para prender a atenção dos leitores, como o romance policial “A Droga Colombiana” (Bill Purse), o de espionagem “Fuga Desesperada” (William Sweetstick) ou o de ficção científica “Energia Mortal” (Stepham McSucker).

Pocket books: o mercado era ele
Ryoki chegou a ser dono sozinho de 95% do mercado de pocket books no Brasil. Tinha uma tiragem mensal de aproximadamente 750 mil exemplares e sua média de trabalho era de 16 horas por dia, principalmente de madrugada. Foi um período extremamente cansativo, mas sem nenhuma tendinite ou uso de droga para suportar a rotina pesada. “A droga afetaria, com toda a certeza, a minha agilidade”, explica.

Ryoki viveu intensamente a fase dos pocket books, com muita criatividade e pouca responsabilidade. A inspiração vinha do cotidiano, do trecho de algum filme assistido ou das pesquisas do pai, também médico, sobre a Segunda Guerra Mundial e outros temas históricos. Como leitor, sempre foi um fã da leitura fácil e rápida do gênero. Os livros baratos e descartáveis de Ryoki, vendidos em bancas de jornal, atingiam todas as classes sociais, “do peão de obra ao executivo”, segundo ele. “A única diferença é que o peão não escondia o livro de vergonha”, conta.

O escritor lembra que uma montadora de automóveis chegou a evitar a contratação de apaixonados por pocket books. Temia que, entre uma tarefa e outra na linha de produção, o funcionário fugisse com um livro no bolso do macacão para acabar de ler no banheiro. “Este tipo de livro é extremamente viciante.”

O que mais incomodava Ryoki, ao escrever os pocket books, não era a produção em larga escala, mas as limitações que havia para seu trabalho, principalmente no aspecto gráfico. Havia padrões rígidos, como o número de toques por página, e muitas histórias foram mutiladas. Tentou convencer as editoras a melhorar a qualidade do gênero, como fazem casas de fora do país, sem mudar o perfil de livro de consumo rápido e baixa durabilidade. “Na França, os livros de bolso são graficamente bonitos, mas, com o tempo, as páginas soltam. São livros muito bons, mas feitos para jogar fora”, explica. Não conseguiu. Outra decepção foi a falta de valorização do santo da casa. “As editoras brasileiras preferem comprar o lixo que sobra da Europa para publicar aqui porque sai mais barato a pagar bem aos escritores brasileiros”, protesta. O impasse com as editoras no Brasil fez Ryoki abandonar o pocket book.



Ao mesmo tempo em que a fase dos pseudônimos americanos projetou o escritor Ryoki Inoue, até internacionalmente, como um escritor recordista, deixou um estigma difícil de ser quebrado, o do autor de larga escala. “Quando deixei de escrever os livros de bolso, senti medo e preconceito das editoras em relação ao meu trabalho”, destaca. Ser um escritor prolífico não significa ser um escritor ruim, defende-se. A quantidade não afeta a qualidade.

O milésimo livro, “E Agora, Presidente?”, uma ficção sobre a corrupção no meio político, marcou o fim da fase alucinante dos pocket books, mas Ryoki não deixou de ser um workaholic. De 1992 até agora, foram mais de 70 livros publicados. A diferença é que as obras estão mais longas – 200 páginas, pelo menos – e há um trabalho de pesquisa mais complexo. A ânsia por escrever mais e mais continua. E pela mesma razão de sobrevivência.

“Se escrevo três livros em um ano hoje, uma mesma editora só publica um; então, tenho de bater na porta de outras”, lamenta. “Não conseguiria viver com a renda de um único livro em um ano e as editoras não têm capacidade para acompanhar o meu ritmo.” Além das obras de ficção, Ryoki faz trabalhos para o setor corporativo, como discursos de presidentes de empresas e é “ghost writer” de livros de Inteligência Competitiva, por exemplo.

Descanso: escrever crônicas
A produção rápida de Ryoki chamou a atenção, em meados dos anos 90, de um jornalista norte-americano do “Wall Street Journal”, Matt Moffet, que veio ao Brasil acompanhar de perto a rotina do escritor brasileiro. Duvidava de sua capacidade produtiva. Na ocasião, Ryoki lançou o desafio de escrever um livro em seis horas, tendo Moffet como seu observador. Venceu.

Das 23 horas às 5 horas da manhã seguinte, o escritor concebeu “A Chave”, que, posteriormente, se chamaria “Seqüestro Fast Food”, cujo protagonista era o próprio jornalista. O original tinha 210 páginas, mas, na edição final, ficou com 150. “Ele escrevia capítulos inteiros ao ir ao banheiro”, reportou Moffet em sua matéria. Ryoki diverte-se com a fama de rapidinho.

Desenvolveu técnicas para isso e até ensina a jovens escritores seus segredos. Uma de suas muitas obras, “Entrelivros”, é uma coletânea de crônicas escritas em meio à produção de um e outro romance mais longo. Para Ryoki, as crônicas são um exercício para descansar, coisa leve.

Mesmo longe dos pocket books, as tramas policialescas, de suspense e de amor ainda continuam em alta em seu repertório. Um dos seus três trabalhos atuais é a produção de “O Fruto do Ventre”, uma história policial que envolve o Santo Sudário. Estão previstas 700 páginas. Outro, “Tradição e Preconceito”, em fase de revisão final, tem como pano de fundo a colonização japonesa no Brasil, um pouco da vida de seus antepassados. No enredo, amor e suspense também. O terceiro é segredo.

Ryoki não considera a sua literatura de menor importância, elogia os escritores que conseguem fugir da erudição e encontrar a linguagem popular e não dá a mínima atenção para os críticos. “Muitos críticos são escritores frustrados que não têm a capacidade de fazer o que faço”, afirma. Mesmo sem um grande trabalho de marketing, com preconceitos para driblar e algumas decepções ao longo da carreira, Ryoki nem sequer cogita a possibilidade de desistir do sonho de viver exclusivamente das letras. Adapta-se à realidade.

Tem uma vida simples, sem luxo, mas faz o que gosta. Perto de completar duas décadas de produção literária, ele quer ir mais longe e pretende internacionalizar a sua obra, com a publicação em outros idiomas. “Ser escritor no Brasil é muito complicado, porque você trabalha muito e ninguém reconhece o seu trabalho, mas é preciso abraçar a dificuldade e seguir adiante”, resigna-se."

Agora, visitem o site do autor neste link.

190) Dicionário Político dos Novos Pecados Capitais


Como todos sabem, os sete pecados capitais da tradição cristã são, sem ordem particular de prioridade, os seguintes:

1) inveja
2) avareza
3) cobiça
4) orgulho (ou soberba)
5) preguiça
6) luxúria e
7) gula

Sobre eles não precisamos nos alongar indevidamente, tendo em vista toda a exegese já registrada na história, a começar por São Tomás de Aquino até exemplos mais recentes na literatura. Pode-se questionar, inclusive se esses “pecados” continuam sendo “capitais” ou se a sua presença na vida diária já não vem sendo admitida com alguma tolerância pelos mais diversos personagens da vida pública. Afinal de contas, todos eles, com alguma discrição para a luxúria, vêm sendo exibidos por esses personagens, até mesmo com certa desfaçatez, sem que autoridades morais ou religiosas venham a público condenar atos e atores com a veemência que seria de se esperar.
Deixando de lado esses pecados da velha tradição, proponho-me agora listar alguns novos pecados da moderna vida política, da brasileira em particular. Os políticos, em geral, exibem uma penca deles, não todos os políticos, em bloco, nem todos os pecados, ao mesmo tempo, mas vários desses personagens da vida pública ostentam alguns de forma cumulativa e, o que é pior, de maneira reincidente.
Não vou deter-me agora sobre casos concretos da vida pública brasileira, tanto porque eles estão sendo expostos de maneira recorrente, nas comissões parlamentares de investigação e nas páginas da imprensa e em outros meios de comunicação.
Parafraseando uma frase famosa, pode-se dizer que nunca, tantos podres da vida pública foram assumidos de forma tão aberta, para o conhecimento de tantos cidadãos, estupefatos. Assistimos, desde vários meses, a uma enxurrada de denúncias, várias delas já substanciadas por provas contundentes, sem que se tenha visto, até aqui, nenhuma condenação moral, ou qualquer condenação de fato. Resta saber se velhos e novos pecados serão, de alguma forma, julgados e condenados no futuro previsível.
Esperando que chegue o “dia do julgamento final”, proponho-me, assim, a apresentar alguns novos pecados da vida política brasileira que, numa lista não exaustiva, poderiam ser identificados com os seguintes:

1) corrupção
2) hipocrisia
3) fraude
4) desfaçatez
5) volubilidade
6) inconstância
7) mentira
8) mediocridade
9) transferência de encargos para terceiros
10) ignorância deliberada de fatos de sua competência
11) irresponsabilidade quanto ao desempenho de funções
12) pretensão
13) eleitoralismo desenfreado
14) propaganda indireta, com meios públicos
15) uso da máquina estatal para fins particulares
16) populismo (velho e novo)
17) demagogia (aparentemente, uma segunda natureza)
18) arrogância
19) clientelismo
20) fisiologia
21) nepotismo
22) fuga da realidade (autismo político)
23) esquizofrenia (defesa de objetivos conflitantes na vida política)
24) ofensa à inteligência alheia (“eu não sei”, “eu não vi”, “não estou sabendo”...)

Paro provisoriamente por aqui, e não pretendo, no momento, elaborar sobre cada um desses novos pecados, esperando ao menos que eles sejam auto-explicativos. Os fatos que poderiam substanciar cada um desses verbetes do novo dicionário de costumes políticos da vida brasileira são conhecidos de todos e não requerem nova descrição.
Termino parafraseando Dante Alighieri (1265-1321), o poeta italiano autor de “A divina comédia”, que numa de suas frases memoráveis disse o seguinte: “Não menos do que saber, me agrada duvidar.”

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 26 de janeiro de 2006

189) Mais uma pausa para um pouco de humor...


Entrevista de Emprego

- Nome?
- André Figueira.
- Escolaridade?
- Terceiro grau compreto!
- Pois bem, Sr. André, vamos começar com perguntas simples, sobre conhecimentos gerais,história, geografia, ciências, personalidades...
-Certo. Pode começar.
- Quem foi Stalin?
- Um cara que cantava estalando os dedos.
- E Lênin?
- Tocava nos Beatles.
- O senhor não quer dizer Lennon?
- Esse fazia dupla com a Lilian.
- Ah,... Leno!
- Não... Cantano.
- Vamos mudar de assunto. O que é equação?
- É a arte de montar uma égua.
- E equitação?
- É quando a gente paga todas a nossas dívidas.
- O que é um quelônio?
- É um tipo de mineral radioativo.
- Não seria plutônio?
- Não, não... esse é o nome completo do cachorro do Mickey.
- O que é fotossíntese?
- Denominação técnica para um retratinho 3 x 4. !!!
- O que é um símio?
- Um cara que nasceu na Símia.
- Na Símia... Certo. E qual é a capital da Símia?
- Nessa tu me pegou: não me lembro agora...
- Quem era Pancho Villa?
- Companheiro de Dom Caixote.
- O que é um caudilho?
- É um ossinho que tem na ponta da coluna e que, segundo os cientistas,comprova que o homem tinha rabo e é descendente do macaco.
- Onde fica a vesícula?
- Debaixo da clavícula.
- Onde ficam os glúteos e para que servem?
- Ficam na garganta e servem para engolir..
- Onde fica o baço?
- Não é baço. É braço. São dois e ficam antes das mãos .
- Para que servem as fibras óticas?
- Para movimentar os olhos.
- Onde fica o Triângulo das Bermudas?
- Qualquer costureira sabe: entre o cós e o gavião.
- Quem descobriu a Lei da Gravidade?
- Um médico ginecologista francês, o Dr. Jeckyll.
- Putz!!! E quem foi Sócrates?
- Sócrates? U DOTÔ? Jogou na seleção...! Tá vendo? Eu também conheço de futebol... não é por ser petista e CURINTIANO que tenho que ser ingnorante!!! 0rra meu.

188) FSM: um jornalismo vazio e superficial


Transcrevo abaixo artigo publicado no Observatório da Imprensa:

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
Uma cobertura vazia de conteúdo


Paulo Roberto de Almeida (*)

Observando a cobertura da imprensa (brasileira e internacional) a respeito da realização de mais um encontro do Fórum Social Mundial (FSM), não se pode deixar de ficar impressionado pela enorme distância entre a forma e o conteúdo, entre a agitação e a produção de fatos tangíveis, entre a inspiração e a transpiração. A imprensa bem que noticia o encontro, mas não reflete, minimamente, sobre o que se discute no encontro. Este é um comportamento que não data deste ano, mas vem acompanhando as várias edições do FSM. Seria o caso de se aplicar a famosa frase shakespeareana: much ado about nothing (muito barulho por nada)?

O que impressiona, na cobertura da imprensa, é justamente a capacidade dos jornalistas de se mostrarem simplesmente "impressionados" com alguns números, sem questionar o objetivo ou o conteúdo do próprio encontro. Nem se considera qualquer resultado tangível, qualquer matéria substantiva, mas tão simplesmente o encontro, como se ele tivesse o dom de ser notícia apenas pelo fato de ser um "encontro".

A superficialidade da cobertura da imprensa não é algo recente. Desde a primeira edição do FSM, em Porto Alegre, cinco anos atrás, que o mundo espera, inutilmente, que se informe, ao cabo de cada encontro, do que será feito e como será construído, exatamente, esse "outro mundo possível", alardeado há tantos anos pelos seus patrocinadores, sem que nada de concreto tenha emergido desde então.

Os jornalistas nunca tiveram a pachorra de questionar os organizadores sobre este problema maior, assim como sobre as mesmas questões que se renovam a cada encontro do FSM? Não existe nenhuma curiosidade sobre a contribuição genial de tantas cabeças reunidas num mesmo local para a solução dos problemas que afligem a humanidade?

Seria talvez conveniente perguntar, antes de mais nada, se existe, de fato, algo de concreto a ser relatado, além da movimentação de corpos num mesmo espaço. Aparentemente o FSM vai mobilizar 150 mil participantes, de 2.170 organizações inscritas, em 1.800 atividades programadas. Mas, por isso mesmo, como não ultrapassar o simples relato de que tantas pessoas se reuniram em tal ou qual lugar para se perguntar o que elas estão realmente fazendo e questionar se o que elas estão dizendo tem alguma importância para a agenda mundial?

Agenda reativa

Seriam os jornalistas ingênuos? Não creio, mas, neste caso específico, acho que está lhes faltando uma boa dose de discernimento entre o proclamado e o real, entre o anunciado e o entregue, entre a versão e o fato, ademais de uma boa dose de espírito investigativo para ir além da mera "propaganda" do FSM. Seriam eles incapazes de se deter um pouco mais no que vai de distância entre o discurso e a realidade dos fatos, ir um pouco mais adiante do que a simples reprodução das banalidades proclamadas por personagens que estão apenas buscando um espaço na imprensa?

Apenas um exemplo concreto desse tipo de superficialidade no tratamento da questão: no sábado (21/1/2006), o diretor do Ibase, Cândido Grzybowski, publicou um artigo no jornal O Globo, no qual ele conseguiu dizer que o FSM está rompendo com um suposto "pensamento único" do neoliberalismo mundial, apenas e tão-somente isto. A pobreza de argumentos me chocou, assim como deve ter deixado muita gente pensando: "E daí?"

O que o FSM tem a dizer sobre temas concretos, sobre o comércio internacional, sobre os mecanismos de ajuda ou de investimentos em mercados emergentes, sobre a agenda da integração regional e sobre a arquitetura do "novo mundo possível" anunciado há tanto tempo? A julgar pelo que sai na imprensa, rigorosamente nada.

Ainda um outro exemplo: segundo declaração de uma das integrantes do comitê organizador, a brasileira Analu Farias (O Estado de S.Paulo, 23/1/2006), "não há possibilidade de se construir um outro mundo, melhor do que esse, sem combater o imperialismo e controle dos mercados pelas grandes corporações internacionais". Além desse combate, que conforma uma agenda reativa e puramente negativa, o que pretendem, de positivo, os organizadores do FSM? Os jornalistas não se dão ao trabalho de perguntar a esses novos animadores de auditório?

Bando de ingênuos

O silêncio substantivo e a falta de propostas concretas são ainda mais surpreendentes quando se sabe que, segundo uma pesquisa do próprio Ibase, os participantes do FSM integram uma elite em termos de educação: 67,9% deles ostentam cursos universitários completos ou incompletos e 9,8% possuem grau de mestrado ou de doutorado. Será que eles não têm absolutamente nada de relevante para informar ou propor?

E os jornalistas, o que estão fazendo ali? Apenas cobrindo frases histriônicas de dirigentes de esquerda contra um suposto "pensamento único", como a "ditadura do capital", contra a "perversidade do consenso de Washington" e outras banalidades desse quilate? Será que não estamos suficientemente crescidos para continuar ouvindo esses slogans superficiais?

Os jornalistas não conseguem ultrapassar o colorido do espetáculo para penetrar no âmago das discussões, como eles fazem, aliás, em relação aos encontros do irmão mais velho do FSM, aquele dos "capitalistas de Davos", o Fórum Econômico Mundial?

Será que o jornalismo atual virou uma simples caixa de repercussão de slogans estudantis? Não estaria havendo leniência demais com simplismos econômicos e reducionismos políticos? Até quando os jornalistas vão continuar pensando que nós, leitores de jornais, também somos um bando de ingênuos, sequiosos por slogans de conteúdo vazio?

Será que desta vez, em Caracas, algo vai mudar para melhor?

(*) Professor universitário, diplomata e leitor de jornais

25 janeiro 2006

187) Pausa para um pouco de humor...


Todo ano eu recebo, em duas ou três remessas, essas famosas respostas delirantes a questões colocadas nos vestibulares e nas provas de avaliação dos cursos médios. Minha tendência é achar que essas "pérolas" constituem invenções de professores e outros desocupados da internet que, a cada estação, modificam um pouco o besteirol do ano anterior e reciclam o material com novos toques de humor.
Sim, acredito que se trata de invenção deliberada, pois seria difícil acreditar em tanta bobagem junta, tantos absurdos reunidos, tanta ingenuidade e desinformação...
Ou será que estou errado?
Será que a qualidade dos nossos alunos do ensino médio anda de verdade abaixo dos patamares aceitáveis para seres medianamente inteligentes?
Acreditando ou não, há matéria para alguns sorrisos nas "pérolas" abaixo coletadas, algumas gargalhadas abertas, ou talvez mesmo algum desespero quando se pensa no futuro do Brasil...

Ria pra não chorar!

Curiosidades da Prova do ENEM!
O que estiver entre parênteses é comentário de professores e outros.

"O sero mano tem uma missão...."
(A minha, por exemplo, é ter que ler isso!)

"O Euninho já provocou secas e enchentes calamitosas..."
(Levei uns minutos para identificar El Niño...)

"O problema ainda é maior se tratando da camada Diozanio!"
(Eu não sabia que a camada tinha esse nome bonito)

"Enquanto isso os Zoutros... tudo baixo nive..."
(Deus...!!)

"A situação tende a piorar: os madeireiros da Amazônia destroem a Mata Atlântica da região".
(E além de tudo, viajam prá caramba, não?)

"O que é de interesse coletivo de todos nem sempre interessa a ninguém individualmente".
(Entendeu??? Como que não?????)

"Não preserve apenas o meio ambiente e sim todo ele ".
(Faz sentido...)

"O grande problema do Rio Amazonas é a pesca dos peixes. "
(Puxa, achei que fosse a pesca dos pássaros)

"É um problema de muita gravidez."
(Com certeza... se seu pai usasse camisinha, não leríamos isso!)

"A AIDS é transmitida pelo mosquito AIDES EGIPSIO."
(Vai levar o Oscar essa...)

"Já está muito difícel de achar os pandas na Amazônia."
(Que pena. Também ursos e elefantes sumiram de lá.)

"A natureza brasileira tem 500 anos e já está quase se acabando".
(Foi trazida nas caravelas, certo?)

"O cerumano no mesmo tempo que constrói, também destrói, pois nós temos que nos unir para realizarmos parcerias juntos".
(Me esqueça, não conte comigo!)

"Na verdade, nem todo desmatamento é tão ruim. Por exemplo, o do Aeds Egipte seria um bom beneficácio para o Brasil".
(Vamos trocar as fumaças pelas moto-serras)

"Vamos mostrar que somos semelhantemente iguais uns aos outros ".
(Nem tão iguais assim, percebe?)

".... menos desmatamentos , mais florestas arborizadas. "
(Concordo! De florestas não arborizadas, basta o Saara! Socorro...)

"... provocando assim a desolamento de grandes expecies raras".
(Vocês não sabiam que os animais também tem depressão?)

"Nesta terra ensi plantando tudo dá".
(Isto deve ser o português arcaico que Caminha escrevia...)

"Isso tudo é devido ao raios ultra-violentos que recebemos todo dia".
(Meu Deus... Haja pára-raio!)

"Tudo isso colaborou com a estinção do micro-leão dourado"
(Quem teria sido o fabricante? Compac? Apple? IBM?)

"Imaginem a bandeira do Brasil. O azul representa o céu, o verde representa as matas, e o amarelo o ouro. O ouro foi roubado e as matas estão quase se indo. No dia em que roubarem nosso céu, ficaremos sem bandeira ".
(Ainda bem que temos aquela faixinha onde está escrito "Ordem e Progresso")

"Ultimamente não se fala em outro assunto anonser sobre o araras azuls que ficam sob voando as matas".
(Talvez por terem complexo de urubus!!!!)

"... são formados pelas bacias esfereográficas".
(Imaginem as bacias da BIC)

"Eu concordo em gênero e número igual ".
(Eu discordo)

186) A mula e a pedra no caminho


Como já alertei no último post do meu Blog "inaugural", o sistema emperrou, qual uma mula, e não houve mais jeito de postar qualquer material novo: ele acusa "erro" e não se mexe.
Agradeço a todos os amigos que tentaram me ajudar, especialmente ao Claudio Tellez e à Santa, mas até agora não logrei desempacar a minha "mula".
Vocês devem saber como é a mula: quando empaca, dificil desempacar.
Meu blog original simplesmente parou no meio do caminho, por causa de alguma pedra invisivel e desconhecida, que me impede de uploadar(com perdão pelo barbarismo) novos posts.
Assim, tive de continuar o free lunch do Blogspot em outra freguesia, abrindo este novo Blog, que dá continuidade ao anterior.
Ao mesmo tempo, abri um só de resenhas, chamado Book Reviews, no qual coloquei um ensaio (que ainda considero preliminar) sobre "a arte da resenha".
Não há nada melhor do que um "free lunch" (mas alguém está pagando, é claro, e por enquanto são os milionáarios do Google, que não são exatamente coitadinhos...) e um punhado de livros. Se der para colocar uma rede na sombra e água mineral, então, fica perfeito...
Agora tenho quatro Blogs, não necessariamente concorrentes entre si, mas complementares. Como diria um corretor de finanças: a melhor estratégia é sempre a de diversificar os riscos.
Ainda não encontrei a solução ao meu problema, mas não me falta trabalho nesses blogs especializados...
Grato a todos...

185) Imposto Único: um debate (4)


4) Nova contribuição minha ao debate, em 24 de janeiro de 2006:

On 24/01/2006, at 23:23, Paulo Roberto de Almeida wrote:

Meu caro Marcos Cintra,
Certamente, mandarei a mais gente e colocarei no meu blog.
Seria interessante você fazer, ou mandar fazer algumas simulações, mostrando basicamente o seguinte (aritmética elementar):

"Meus caros concidadãos,
O Estado brasileiro abocanha hoje 38% do PIB com todos os impostos, taxas, contribuições e outras receitas variadas, o que representa perto do R$ xxx bilhões, ou QUATRO MESES do seu trabalho contínuo, assim como o das empresas, sem contar os outros gastos indiretos e diretos que voce é obrigado a fazer por falta de serviços dignos desse nome (escola, saúde, segurança, transporte, pedágios, etc).
O imposto único que estou propondo, calculado numa base de 0,x% sobre todas as transações financeiras, permitiria arrecadar aproximadamente R$ xxx bilhões, permitindo substituir completamente tais e tais impostos federais, que hoje coletam R$ xxx bilhões.
Ele permitirá a dispensa de uma custosa máquina arrecadadora, arbitrária, perdulária e nao raramente dado à exação fiscal, sem mencionar eventuais achaques ao honesto trabalhador, e substituí-la por um procedimento simples, indolor (ou quase) e insonegável. Isso permitirá a todas as empresas do Brasil, em especial as micro, pequenas e médias, dispensar custosos serviços de contabilidade, que hoje são obrigatórios não apenas para fazer o trabalho de pagamento e controle dos impostos recolhidos, mas tambem para provar que somos honestos e cumpridores dos nossos deveres fiscais. Esses gastos somam-se hoje aos impostos, e podem representar x% do faturamento das empresas. Será uma economia direta e indireta, pois nao haverá mais papel, mais calculos, mais fiscais chateando e eventualmente achacando a cada seis meses...
Para passar de um sistema a outro, será necessário uma reforma constitucional, disposições transitórias, e um regime de passagem ao novo regime que exigirá uma negociação política de alto nível. Eu acredito que a sociedade brasileira está preparada para essa transição e tem assim o direito de exigir de seus representantes parlamentares que eles se engajem nessa mudança fundamental para o futuro do Brasil. Sem isso, o Brasil está simplesmente condenado a NÃO CRESCER, afogado nos impostos e condenado, além do simples pagamento extorsivo, a um custoso sistema de arrecadação declaratória, que exige vastíssima burocracia, hoje fora do alcance da maior parte das pequenas empresas.
É preciso salientar que, hoje em dia, essas centenas de milhares de empresas são praticamente empurradas para fora da legalidade, não pelo seu desejo de sonegar, mas pela virtual impossibilidade de pagar impostos nos atuais níveis extorsivos e também pela obrigação de manter sistemas contábeis custosos e inviáveis para a maior parte delas. O Estado brasileiro, na sua sanha arrecadadora, na sua estupidez burocrática, é que as condena à ilegalidade.
Queremos ser legais, queremos pagar menos impostos, queremos, sobretudo, simplificar a nossa vida, de cidadãos, de contribuintes, de empresários, de simples trabalhadores. Queremos um sistema tributário transparente, fiável, insonegável e sobretudo barato.
Espero a sua adesão a este movimento. Adira a uma idéia simples: Imposto Único, arrecadação ótima, chateação zero..."

Acho que poderia ser por aí...
Mas você precisará rechear a carta-artigo com os números, fiáveis, indesmentíveis, e sobretudo chocantes para o cidadao.
Sobretudo mostrar, em alguma passagem, que essa transição para um novo regime permitiria reduzir a carga total e aumentar a eficiência geral do sistema.
Estou co, você nesta luta, mas não sou especialista no assunto, apenas um colaborador voluntário...
O abraço do

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Paulo Roberto de Almeida
pralmeida@mac.com
www.pralmeida.org
www.paulomre.blogspot.com/

(final, por enquanto...)

184) Imposto Único: um debate (3)


2) Meus comentários iniciais:

De: Paulo Roberto de Almeida
Data: 01/23/06 18:28:58
Para: marcoscintra@marcoscintra.org
Assunto: RE: Artigo Plebiscito pelo Imposto Único

Trata-se, certamente, de um bom debate para o ano eleitoral, mas independentemente de plebiscito, ou não, o problema seria saber como passar de um regime a outro sem desorganizar a economia do país.
A questão poderia eventualmente ser colocada junto das votações em outubro, ainda que eu duvide que se consiga introduzir esse projeto na pauta, mas vale o debate. Tenho dúvidas, porém, de que a classe política e sobretudo os tecnocratas do Estado permitam seu aprofundamento... Vão dizer que é inviável...
_____________________
Paulo Roberto de Almeida

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3) Resposta de Marcos Cintra:

On 24/01/2006, at 21:43, Marcos Cintra wrote

Caro Paulo Roberto,
Obrigado por sua mensagem de apoio ao Imposto Único.
Certamente haveria uma regra de transição para o mundo do Imposto Único. Não seria algo abrupto.
Também não vejo como colocá-lo em pauta nas próximas eleições, mas creio que o debate político em 2006 poderia criar condições para a realização do plebiscito em 2007-2008.
É preciso haver mobilização pela proposta. Vejo muita gente falar e reclamar de impostos, mas não os vejo apresentar propostas de ação, projetos que possam avançar em busca de um sistema mais justo de arrecadação de impostos.
O Imposto Único não é uma aventura. Já temos o imposto único da micro e pequena empresa (o SIMPLES), ainda que não seja como gostaríamos que fosse, sobre movimentação financeira; já temos a CPMF que comprovou ser um imposto justo, simples, barata e insonegável.
Porque esperar mais para darmos o passo final rumo ao IMPOSTO ÚNICO?
Vamos pressionar, e exigir um PLEBISCITO sobre o tema: sim ou não ao Imposto Único.
Porque não se faz isso? Os políticos, sonegadores, e os corruptos devem ter muito a temer. Que seus privilégios e seu poder sejam desafiados? Pois é exatamente isto que o Plebiscito fará. Pergunte ao seu deputado, seu candidato a governador ou a senador se ele é favorável ao Plebiscito. Faça desta pergunta o critério que definirá seu voto.
Vamos trabalhar pela Plebiscito. Divulgue o artigo que lhe enviei. Mande a seus amigos.
A Associação Contribuintes em Ação em breve estará mobilizando todos em prol desta proposta.
Manterei você informado.
Um forte abraço
Marcos Cintra


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4) Nova contribuição minha ao debate, em 24 de janeiro de 2006:
(em post subsequente e final)

183) Imposto Único: um debate (2)


1) Artigo original de Marcos Cintra, encaminhado por mensagem eletrônica:

From: marcoscintra@marcoscintra.org
Sent: Monday, January 23, 2006 4:39 PM

Subject: Artigo Plebiscito pelo Imposto Único

Caros amigos,
A carga de impostos continua crescendo. Dados apontam que em 2005 ela ultrapassou 38% do PIB. A sociedade precisa se mobilizar urgentemente.
Devido a importância do tema, encaminho este artigo publicado nesta segunda-feira na Folha de S.Paulo onde avalio a arrecadação federal, o atual estágio do debate tributário e a idéia de se promover uma consulta popular sobre o Imposto Único.

Atenciosamente,
Marcos Cintra

Um plebiscito pelo Imposto Único
Marcos Cintra
Folha de São Paulo, 23/1/2006


A arrecadação federal de R$ 372 bilhões em 2005 é um novo recorde da carga tributária brasileira. Em termos reais, a receita cresceu, comparativamente a 2004, mais que o dobro da taxa estimada de crescimento do PIB.
A expansão da receita deveu-se à forte elevação da arrecadação incidente sobre a renda das empresas e dos trabalhadores. O IRPJ e a CSLL cresceram 22,5% e 21%, respectivamente. Já o IRRF sobre os rendimentos do trabalho aumentou 6,4%.
A fúria arrecadatória sobre os assalariados e as empresas parece não ter fim.
Há uma defasagem gritante na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física, e o governo reluta em atualizá-la. No tocante às empresas, a derrama fiscal dos últimos anos ficou por conta de retenções, aumento de alíquotas e mudanças na base de cálculo de tributos como PIS/Cofins, CSLL e IRPJ.
Empresários e assalariados no Brasil vivem no pior dos mundos. A reforma tributária, ensaiada há mais de 15 anos, patina, e as decisões que foram tomadas pelo governo interessaram apenas a ele mesmo, para alimentar seus gastos crescentes. As alterações ocorridas foram pontuais e aprofundaram suas características negativas, tornando o sistema tributário nacional ainda mais complexo, caro, ineficiente e injusto. Caixa dois, evasão de divisas, declarações fraudulentas e corrupção são algumas de suas marcas vergonhosas.
Hoje, as propostas e debates sobre os impostos se resumem a duas posições básicas.
Em primeiro lugar, surge a alternativa de reforma tributária convencional, preferida pelos burocratas públicos e privados e por aqueles que se ajustaram ao atual sistema. Seus defensores querem a criação de um IVA federal (imposto sobre valor agregado) para substituir o ICMS, o IPI, o ISS, o PIS/Cofins e o INSS.
O grande inconveniente do imposto único sobre valor agregado é que a alíquota necessária para gerar a arrecadação atual de seus componentes seria certamente superior a 35%. Ademais, a proposta não simplifica o sistema, uma vez que se trata de um grande imposto declaratório de difícil e custosa operacionalização. Como resultado, não combate a sonegação, na medida em que a alta alíquota estimularia o aumento da evasão e, conseqüentemente, não elimina a corrupção.
O IVA único concentrará ainda mais a carga tributária no subconjunto dos atuais pagadores de impostos, sobrecarregando as empresas formais e os assalariados.
Como contraponto à visão ortodoxa, surge a alternativa dos tributos não-declaratórios, como a do imposto único sobre a movimentação financeira.
Trata-se de proposta inovadora e que pretende substituir o atual sistema por um tributo único sobre movimentação bancária, nos moldes da atual CPMF.
Cumpre dizer que a experiência do IPMF/CPMF no Brasil teve origem na proposta do Imposto Único. Como afirmou Roberto Campos, foi uma deformação daquela idéia, mas que deixou um saldo amplamente favorável na medida em que comprovou a viabilidade de um tributo sobre movimentação financeira, tributo esse desconhecido no mundo, por ser produto recente da era da informática. Trata-se, portanto, de uma vertente conceitual da reforma tributária que já recolheu experiência prática com grande sucesso, de custo inexpressivo, não-declaratório, de extrema simplicidade, insonegável, universal e imune à corrupção.
A proposta do Imposto Único foi apresentada na Câmara dos Deputados em 2001 (PEC 474/01) e aprovada por unanimidade em Comissão Especial e na Comissão de Constituição e Justiça. Pode, portanto, ser colocada em votação em plenário de imediato. Paralelamente, o senador Paulo Octávio apresentou proposta semelhante (PEC 8/2003) que tramita no Senado, cujo relator é o senador Jefferson Peres, que já se manifestou favorável a ela.
A penetração da proposta do Imposto Único na sociedade brasileira foi aferida em pesquisas realizadas pelos institutos Datafolha e CNT/Sensus. Ambos mostraram que dois terços das pessoas que conhecem o projeto são favoráveis a ele.
Em 1993, foi criada a Associação Contribuintes em Ação, com a atribuição de defender os contribuintes e o Imposto Único. Seus membros, espalhados por todo o país, acham-se cadastrados e prontos a serem mobilizados em defesa de uma proposta que vem sendo avaliada com entusiasmo: a de coletar assinaturas para a apresentação de uma moção em prol de um "Plebiscito Nacional para a Implantação do Imposto Único".
A mobilização desse grande contingente de cidadãos que defendem um novo sistema tributário para o Brasil exigirá esforço, capacidade de comunicação e organização para a hercúlea tarefa de coletar milhões de assinaturas em apoio ao plebiscito. Trata-se de oportunidade importante para colocar o tema da reforma tributária e, particularmente, do Imposto Único, na pauta da discussão das eleições presidencial e parlamentares de 2006. O Imposto Único é a saída, e sua implantação depende de cada um de nós. Não há tempo a perder.

Marcos Cintra Cavalcanti de Albuquerque, 59, doutor pela Universidade Harvard, professor titular e vice-presidente da FGV, foi deputado federal (1999-2003). Atualmente é secretário das Finanças de São Bernardo do Campo. É autor de "A verdade sobre o Imposto Único" (LCTE, 2003). Escreve às segundas-feiras, a cada 15 dias, nesta coluna.
Internet: www.marcoscintra.org
E-mail: mcintra@marcoscintra.org

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2) Meus comentários iniciais:

(em post subsequente)

182) Imposto Único: um debate (1)


Imposto Único: uma idéia simples
Um intercâmbio com Marcos Cintra

Paulo Roberto de Almeida

O economista e professor Marcos Cintra é um lutador incansável em defesa de uma economia mais racional, de um Brasil melhor, em prol de um sistema tributário mais “ameno” e sobretudo condizente com as nossas necessidades. Ele propõe a substituição de todos (ou quase todos) os impostos federais, por um único tributo sobre as transações financeiras.
Creio que se trata de uma proposta viável, sensata e sobretudo necessária, uma vez que já chegamos, aparentemente, no limite do suportável – embora burocratas da Receita possam não concordar – em termos de carga tributária. Eu pessoalmente acredito que o Brasil é um pais totalmente preparado para NÃO CRESCER, justamente em função da iníqua carga tributária, que esmaga os cidadãos e as empresas não apenas em virtude de seu peso nominal, mas também em função dos enormes custos burocráticos e contábeis que ela impõe.
Aparentemente, somos todos “criminosos em potencial” aos olhos da Receita, daí esse outro custo absurdo, que é o de uma máquina arrecadatória infernal e seus inúmeros fiscais, nem todo zelosos guardiães da coisa pública, pode-se dizer, com uma enorme indução à fraude, à corrupção ativa e passiva, à evasão e à elisão fiscais e a outros grandes e pequenos pecados tributários.
Desejo expressar todo o meu apoio à idéia e às propostas de Marcos Cintra, ainda que eu tenha dúvidas, no momento, quanto à factibilidade desse tipo de exercício, em vista da enorme complexidade do atual sistema tributário brasileiro e do peso de nossas instituições federativas, que complicam ainda mais uma repartição ulterior do bolo de receitas do imposto único. Vale contudo explorar a idéia, fazer as simulações necessárias e, sobretudo, tentar esse caminho novo, uma vez que o atual já demonstrou sua total inviabilidade do ponto de vista do crescimento econômico e do desenvolvimento social.
Vou aqui transcrever um artigo que ele publicou em defesa de sua idéia, seguido de minha reação, novos comentários dele e uma nova proposta minha. Espero que isso possa alimentar um debate importante.
Não acredito ser o único, hoje em dia, a achar que o Estado brasileiro, tal como ele se encontra (des)organizado, transformou-se no PRINCIPAL OBSTÁCULO ao crescimento econômico do país e ao bem-estar de seus cidadãos.


1) Artigo original de Marcos Cintra, encaminhado por mensagem eletrônica:
(segue em post subsequente a este)

24 janeiro 2006

181) A arte das resenhas...


...para uso de aprendizes, neófitos e outros amantes de livros

Não conheço as regras, se existem, que eventualmente se aplicariam à prática das resenhas literárias e confesso que nunca vi nenhum “manual do resenhista profissional” (creio que isso não existe, ainda que possa haver mercado para algum tipo de “How to do a perfect review” ou então “An Idiot’s Guide for Reviewing Books”). Em todo caso, não pretendo, no presente texto, ou em qualquer outro contexto, preencher essas lacunas ou responder a questões do tipo “tudo o que você sempre quis saber a respeito das resenhas de livros e nunca teve a quem perguntar”.

Meu propósito é mais modesto e totalmente auto-explicativo. Pretendo, apenas, delinear alguns princípios constitutivos do que poderia ser considerado uma resenha em moldes “normais”, uma vez que este gênero, em especial no Brasil, parece ter derivado para o equivalente das modernas guerras de religião, com trucidamentos impiedosos de um lado e excessos encomiásticos de outro. Sem pretender fazer um “Book review for beginners”, vejamos o que poderia ser dito de razoável neste campo da leitura crítica.

(para continuar a leitura, vá a meu Blog de Book reviews, neste link)

Paulo Roberto de Almeida
(um book-addicted e dependente livresco terminal...)

21 janeiro 2006

180) Benjamin Franklin, o primeiro globalizador?


Cristovão Colombo já tinha sido um globalizador (ainda que ele estivesse à procura de um outro mundo, possível), assim como Vasco da Gama, Fernão de Magalhães, o capitão Cook e tantos outros, aventureiros, piratas, missionários, espiões, mas também empresários, banqueiros, comerciantes globais, diplomatas e muitos turistas acidentais.

Da antiguidade aos tempos atuais, muita gente atuou, ao contrário dos atuais anti-globalizadores, no sentido da história. A incessante corrente da história é uma trama complexa, que unifica povos e sociedades, nem sempre de maneira pacífica, algumas vezes com confrontos e muito sofrimento para um dos lados. No cômputo global, o encontro "assimétrico" de tantos povos acabou trazendo benefícios para todos, ainda que por meios indiretos.
Alguns desses contatos e encontros foram catastróficos, como a chegada da peste negra aos portos europeus do século XIV, ou as epidemias trazidas do Velho Mundo pelos "descobridores", que dizimaram milhões de nativos no Novo Mundo...

Hoje temos a gripe aviária, que arrisca tornar-se, depois da AIDS, a nova pandemia global. Em todo caso, a humanidade está atenta e, neste caso específico, os cientistas já estão a postos para criar uma vacina (por tecnologia genética) que possa eliminar os riscos para os seres humanos de um salto de espécie do virus da gripe aviária (mas se depender dos ritos burocráticos da nossa lei de biossegurança, o Brasil vai demorar um pouco para ganhar acesso à vacina).

O site The Globalist acaba de dar ao simpático Benjamin Franklin o título de primeiro globalizador, o que não está de todo errado, mas isso me parece, com toda sinceridade, um pouco anacrônico. Como escrevi acima, outros são candidatos antes dele, e a competição vai continuar. Descobriremos que os primeiros globalizadores eram dos tempos de Hamurabi e dos faraós ou, quem sabe mesmo, os primeiros homo sapiens que deixaram a África?
Enquanto isso, vejamos o que podemos aprender de novo com um dos pais da independência dos Estados Unidos, trezentos anos depois de seu nascimento...

Ben Franklin — The World’s First Globalist?
By Stephan Richter
The Globalist, Thursday, January 19, 2006

Benjamin Franklin — who was born 300 years ago on January 17, 1706 — was one of the most respected of America's Founding Fathers. His words of wisdom about the need for cooperation and integration — uttered when he signed the Declaration of Independence some 225 years ago — ring truer than ever today. Would it serve the world to pay closer attention to his sage advice?

In the early days of the Revolutionary War, Benjamin Franklin was sent to Paris with instructions to get France's financial and military support for the rebellious colonies.

Hanging together
Mr. Franklin proved extremely popular in the French high society. He dressed very simply, like a backwoodsman.

But at the court of Louis XVI, it was sharp wit that was more appreciated. And as far as wit was concerned, Mr. Franklin could hold his own against even the best local practitioners of that art.
In fact, when a handful of other Americans signed the Declaration of Independence in 1776, it was Mr. Franklin who summed up perfectly the mood of apprehension that accompanied that momentous event: “We must all hang together, or most assuredly we will all hang separately."

Founding a nation
Of course, when Mr. Franklin and other American patriots signed the Declaration of Independence, they were facing a highly uncertain future. Mr. Franklin’s statement was not an exaggeration. If their revolution had failed, they would have almost certainly been hanged by the British for high treason.
However, there was a deeper meaning in Mr. Franklin’s words of wisdom. Even if they succeeded in defeating the British, the signers of the Declaration of Independence still confronted a choice: Either to forge a new nation — or let the 13 independent-minded colonies go their separate ways.

Different interests
Of course, in retrospect it seems that getting together to form the United States of America was the only logical course of action. But back in 1776, it was far from obvious.
Although all 13 colonies were British, they were extremely different in their history, social order and ethnic composition. There were the Puritans in New England, the Quakers in Pennsylvania and the Church of England aristocrats in the South. New York was heavily Dutch, while Maine contained a large French-speaking population.
Big states had different interests from small ones. The North — foreshadowing a conflict nearly a century later — had different economic and political preoccupations from the rural and agricultural slave-holding South.

A major effort
However, Mr. Franklin understood the differences between the states and the challenges they faced first hand. At the age of 17, he ran away from home in Boston and went to Philadelphia. At that time, those cities — and cultures — were a world apart.
In the end, the American colonies chose to bury their differences for the sake of a greater good. They banded together and became the world’s most powerful and influential nation.

Globalization junction
However, the alternative would have been dire — as Mr. Franklin correctly pointed out.
Given the hostile world around them — and the vastness of the new continent — the English-speaking colonies might not have survived if each of them had been left to fend for itself.
If Mr. Franklin were alive today, he might have said the same thing. But he probably would not have been addressing the United States — whose unity is not in question — but the rest of the world.

Crucial time in history
Just like the United States in 1776, the world is at a crucial junction in its history. Globalization has brought nations together, but also produced immense challenges.
Conflicting political, religious — and economic — interests are pulling nations apart. Many of them see no advantages in unity.
The U.S.W. = United States of the World?
Yet, the only way to find a solution to modern society's intractable problems — like environmental degradation, poverty, economic crises, weapons of mass destruction and a large number of others — is for nations of the world to form a new, close-knit community.

Something like a 21st century notion of the United States of the World.
Thus, Mr. Franklin’s warning, although addressed some 225 years ago to his countrymen, remains apt today in a global context.
Moreover, Americans, who hold their Founding Fathers in high regard, should also pay attention to what Mr. Franklin said. In 1776, they chose to hang together.

Unique opportunity
The United States — being the superpower that it is — has been presented with the unique chance to lead the world on the path toward equitable, sustainable globalization.
It also has the opportunity of building a community of nations. That is certainly something Mr. Franklin would advocate.
But on the issue, the jury on which of the two forms of leading — together or separate — is still out.

179) Tudo o que você sempre quis saber sobre a carreira diplomática... e nunca teve a quem perguntar


Dúvidas, questionamentos, curiosidade sobre a diplomacia brasileira e sobre a carreira diplomática?
Se você quiser saber alguma coisa, acesse o novo site do Instituto Rio Branco e satisfaça sua curiosidade.
No link abaixo, você terá respostas às questões que se seguem.

Acesse este link, para ter informações sobre cada uma das perguntas abaixo relacionadas:

A carreira:
1. Qual o perfil do funcionário do serviço exterior brasileiro?
2. Quais são as carreiras do serviço exterior brasileiro?
3. O que faz um diplomata?
4. O diplomata trabalha apenas no exterior?
5. Como é o trabalho nas missões no exterior?
6. Como é o trabalho no Brasil?
7. O diplomata pode escolher onde servir no exterior?
8. Quanto tempo o diplomata deve ficar no Brasil até ir para seu primeiro posto no exterior?
9. Quantas missões no exterior existem?
10. Como funciona a carreira diplomática?
11. Qual o salário dos diplomatas no Brasil? E no exterior?
12. O diplomata tem moradia funcional em Brasília?
13. Os diplomatas têm direito a seguro-saúde? Como é a cobertura no Brasil e no Exterior?
14. Quem foi a primeira mulher a se tornar embaixadora? Quando?
15. Quantas mulheres há na carreira diplomática?

O Concurso:
16. Como e onde podem ser feitas as inscrições para o Concurso de acesso à carreira de diplomata?
17. As provas do Concurso são realizadas apenas em Brasília?
18. Quais provas compõem o Concurso?
19. Quem pode inscrever-se no concurso?
20. Sou afro-descendente (negro) e quero ser diplomata. Tenho algum apoio?
21. Qual o curso universitário mais indicado para quem pretende prestar o Concurso?
22. Diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras são aceitos?
23. Qual foi a relação candidato/vaga dos últimos concursos?
24. Tenho dupla-nacionalidade. Posso inscrever-me?

O Curso de Formação (PROFA-1) e o Mestrado em Diplomacia:
25. O curso (PROFA-I) é ministrado em tempo integral?
26. Tenho mestrado pleno e/ou doutorado. Preciso cursar o PROFA-1 e fazer o Mestrado em Diplomacia?
27. Quais são as matérias do PROFA-1?
28. Quais são as áreas de estudo do Mestrado em Diplomacia?
29. Por que o Ministério das Relações Exteriores também é chamado de Itamaraty?

178) Começando tudo de novo...


Hello folks,
Happy to be back, again...

Parece que esgotei as possibilidades do Blog anterior (paulomre.blogspot.com), pois a partir de um certo momento novas postagens se revelaram impossíveis. Daí a inauguração deste novo endereço, no qual apretendo continuar colocando material para leitura e reflexão.

Para oferecer plena continuidade com meus posts anteriores, estou retomando a numeração seqüencial, inclusive porque fica mais fácil referir-me a determinadas mensagens que poderão ter remissão a partir deste novo Blog (inclusive aqueles da coluna da direita, sob a rubrica "Meus posts preferidos").

Explico rapidamente a origem do novo nome, menos pessoal e mais voltado para a natureza de minha principal atividade profissional.
"Cousas Diplomáticas" foi o nome de uma coleção de ensaios que um ilustre colega, predecessor meu, o historiador e diplomata Maoel de Oliveira Lima, publicou um século atrás. Pareceu-me um nome apropriado para uma coleção de "coisas" contemporâneas que também abordam questões diplomáticas e tomam apoio nos ensinamentos da história.
Voltarei ao assunto...

Paulo Roberto de Almeida